Francisco Assis, ex-eurodeputado do PS e presidente do Conselho Económico e Social, deixa aviso à navegação, Governo incluído: “Não é aceitável que se prossiga uma política de insinuações constantes [sobre as práticas especulativas nos preços]. Tem de haver um particular cuidado na forma como tratamos estes assuntos particularmente explosivos”.

Em entrevista ao Observador, no programa “Direto ao Assunto”, o antigo candidato à liderança do PS sublinhou que todos os responsáveis públicos devem ter especial cuidado na forma como comunicam, em particular a ASAE, que tem conduzido várias ações de inspeção aos supermercados e, mais recentemente, revelou que as margens médias de lucro bruto nos supermercados de até 50% em bens alimentares essenciais — informação que Francisco Assis considera apenas “parcelar”.

“Se há suspeitas de que há algum processo especulativo, essas suspeitas devem ser imediatamente dissipadas. Não se pode haver num ambiente de suspeição. Especular é o pior que se pode fazer. [Os responsáveis públicos e políticos] têm de ter ponderação na forma como dialogam com a opinião pública”, reforçou Assis.

Sem nunca criticar diretamente o Governo, o socialista pôs-se ao lado do ministro da Economia, António Costa Silva, e rejeitou a fixação de preços como solução para conter o processo inflacionista. “Não seria uma solução adequada”, argumentou. Já sobre o anúncio feito pela ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, que pretende agora criar um selo que “ateste o preço justo”, Assis não deixou de manifestar algumas reservas. “Fixação de um preço justo é de uma extraordinária complexidade“, notou.

Assis falou ainda da questão dos professores, lamentando o facto de as negociações entre Governo e sindicatos continuarem sem conhecer desenvolvimentos concretos. “Estão a ser demasiado prolongadas. Tem de se acelerar o processo de resolução deste processo”, apelou, por fim, o antigo eurodeputado socialista.

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