O presidente do Conselho de Administração (CA) da RTP, Nicolau Santos, saiu em defesa de Eduardo Marçal Grilo, demarcando-se de forma categórica da posição manifestada pela Comissão de Trabalhadores (CT). O órgão representativo dos funcionários da estação televisiva pública tinha criticado a sua eleição para o Conselho Geral Independente (CGI) da RTP referindo-se ao ex-ministro da Educação como “octogenário”, considerando que a sua escolha significaria um “escárnio” para a televisão.

Durante uma reunião com a CT, em declarações a que o Observador teve acesso, Nicolau Santos pediu desculpa ao ex-ministro , que tinha sido escolhido por larga maioria para integrar o CGI, mas que acabou por renunciar ao lugar depois das afirmações Comissão de Trabalhadores. Segundo apurou o Observador, o Presidente do CA teceu duras críticas ao comunicado da CT, sublinhando que “estes não são os valores da empresa”.

Como presidente do CA lamento profundamente a forma aviltante e achincalhante com que a CT se referiu à eleição, por maioria esmagadora, do Prof. Marçal Grilo para membro do CGI”, afirmou o responsável da estação pública.

Nicolau Santos disse ainda acreditar que “a imensa maioria dos trabalhadores da empresa não se revê” nos comunicados emitidos pela CT, nos quais aquele organismo descreveu ainda Marçal Grilo como um candidato demasiado velho, “benquisto do Governo e alheio ao audiovisual”, acusando ainda o Conselho Geral Independente da RTP de falta de independência face ao poder político.

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Declarações que não caíram bem junto do CA da RTP que, na figura do seu Presidente, veio agora “pedir as mais profundas desculpas ao Prof. Marçal Grilo por este lamentável episódio, que não honra a empresa de serviço pública de media do país”.

Marçal Grilo renuncia a lugar no Conselho Geral Independente da RTP após críticas da Comissão de Trabalhadores: “Ex-ministro octagenário”

O nome de Eduardo Marçal Grilo tinha sido aprovado com 24 votos favoráveis (de um total de 31 membros) e recebeu um parecer positivo da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), que não detetou nenhuma incompatibilidade que impedisse a nomeação.

No entanto, face às críticas da Comissão de Trabalhadores, foi o próprio Marçal Grilo quem acabou por desistir de integrar o CGI, justificando: “Já não tenho idade nem paciência para exercer um cargo, onde certamente teria o maior gosto e interesse em dar o meu contributo, mas que exigiria uma capacidade de resposta a atitudes pouco cordatas e menos educadas, por parte de quem deveria respeitar aqueles que se dispõem a prestar mais um serviço público de forma desinteressada e construtiva”.