O debate entre os oito líderes partidários com assento parlamentar tinha começado há quatro minutos quando foi interrompido por um jovem do movimento ativista Climáximo. “O combate às alterações climáticas não está na mesa de voto, está nas mãos das pessoas”, gritou o manifestante, que invadiu o estúdio que a RTP montou na universidade Nova SBE, em Carcavelos, e se colocou à frente do moderador, o jornalista Carlos Daniel.

O jovem foi imediatamente retirado por um elemento da produção, numa altura em que Pedro Nuno Santos, líder do PS, explicava os cenários que defende de governabilidade para o país após as eleições legislativas do próximo dia 10 de março.

Pouco tempo depois, já quando o presidente do PSD, Luís Montenegro, estava a ser questionado, ouviram-se mais vozes de fundo de manifestantes pelo clima, o que levou Carlos Daniel a referir que continuavam alguns protestos “de algumas pessoas que entenderam ser este o momento para trazer a sua mensagem ao espaço público”. “Já não é uma novidade no país, mas vamos manter o debate dentro daquilo que estava previsto”, acrescentou.

Os manifestantes da Climáximo pintaram ainda, com tinta vermelha, os vidros por detrás dos candidatos. Em comunicado a que o Observador teve acesso, o grupo afirma que o protesto “pretendeu interromper a normalidade dos debates eleitorais que ignoram a crise climática e cujos planos” levam “ao colapso climático: escassez de água para as pessoas, quebras na agricultura e produção de comida, mortes devido a ondas de calor insuportáveis, desalojamentos por causa de incêndios mortíferos”.

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António Assunção, porta-voz da Climáximo, diz que “nestas eleições, não só travar a crise climática não é o assunto principal, como nenhum partido — com ou sem assento parlamentar — apresenta um plano compatível com os limites da natureza”. “Não implementar” cortes de “no mínimo” 75% das emissões até 2030 é “garantir o colapso climático e civilizacional”, considera.

“Não podemos consentir que eles continuem a levar-nos para o inferno climático. Todos os partidos reiteram premeditadamente a declaração de guerra contra as pessoas. A sociedade tem de resistir e lutar para travar a crise climática”, acrescenta o porta-voz, que reitera que o grupo acredita que uma “alternativa” para travar a crise climática está “nas ruas, não nas urnas”.

No comunicado divulgado esta sexta-feira, a Climáximo recorda que ao longo da última semana tem vindo a alterar os outdoors de diversos partidos, ao colocar a frase “com o teu voto garantimos o colapso climático”.

O Observador aguarda resposta da RTP às perguntas colocadas. As autoridades já se encontram no local, cerca de uma hora depois do incidente. A PSP de Carcavelos, em contacto telefónico anterior, disse não poder avançar com informações sobre a possível detenção dos manifestantes.