A Iniciativa Liberal pediu a demissão de João Galamba e esclarecimentos do primeiro-ministro, António Costa, e de Eurico Brilhante Dias, líder parlamentar do PS, depois de ter sido conhecido que tinha havido uma reunião entre a CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, com deputados socialistas e elementos de gabinetes ministeriais na véspera de ter ido ao Parlamento em janeiro.

Rui Rocha, a meio da audição parlamentar da CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, em declarações à comunicação social, fez três exigências: que “o líder parlamento do PS se pronuncie imediatamente sobre esta situação, a que título estiveram estes deputados do PS presentes numa reunião desta natureza; que o senhor primeiro-ministro venha esclarecer toda esta situação; e, atendendo a que esta informação não foi até ao momento negada, que o senhor ministro João Galamba se demita de funções governamentais”.

Para a IL não há dúvidas de que foi o gabinete de João Galamba a pedir a reunião com a CEO da TAP, que decorreu a 17 de janeiro, um dia antes de ser ouvida no Parlamento na Comissão de Economia, a 18 de janeiro. “É uma promiscuidade inaceitável, é uma situação de violação do princípio de separação de poderes”, atirou Rui Rocha, pedindo assim que “o senhor ministro João Galamba se demita de funções governamentais. É insustentável, é insuportável do ponto de vista de separação de poderes e da saúde do regime democrático que haja uma reunião desta natureza para condicionar os esclarecimentos que viria prestar aqui no Parlamento”.

A IL, “sabendo que o ministro Galamba está escalado para vir prestar esclarecimentos na comissão de inquérito, entende que o país não pode esperar por estes esclarecimentos e por esta posição até que seja ouvido. É hoje e nas próximas horas que todos estes esclarecimentos e estes passos têm de ser dados para salvaguardar o mínimo de dignidade democrática”, atira Rui Rocha, que apelida a reunião de enorme gravidade. João Galamba, disse Rui Rocha, não tem condições para exercer funções.

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Nas declarações à margem da comissão de inquérito, Rui Rocha realça parecer-lhe “francamente difícil que o ministro em funções, na altura, tenha o seu gabinete a promover reuniões, parece-me espantoso que isso pudesse acontecer. Então nesse caso teríamos um governo com assessores e com tudo isso em roda livre. O país não pode ficar mais tempo na dúvida sobre se essa reunião aconteceu, em que termos, com que objetivo, parecendo evidente, porque até agora não foi negado, que aconteceu com os contornos que foram descritos pela CEO e com os objetivos que todos percebemos quais possam ser, sobretudo num contexto de ela própria dizer que há sempre e permanentemente um contexto de pressão política sobre a gestão da TAP.

Rui Rocha, nestas declarações, não soube dizer que deputados do PS poderiam ter estado na reunião, e exigia que o PS esclarecesse quem esteve na reunião. Enquanto falava, na comissão de inquérito Paulo Moniz questionava a CEO sobre quem eram os elementos na reunião, ao que foi respondido: Carlos Pereira, que se encontra nas cadeias do PS nesta comissão de inquérito.

Carlos Pereira, coordenador do PS na comissão da TAP, esteve reunido com CEO na véspera da audição parlamentar de janeiro

Sobre a tentativa de Hugo Mendes de a TAP mudar um voo do Presidente por considerar que Marcelo Rebelo de Sousa era um aliado, mas poderia tornar-se um poderoso inimigo, pressionando a TAP nesse sentido, Rui Rocha não se quis pronunciar sobre a possível intervenção do Presidente, mas disse ser “evidente que a TAP foi usada, está a ser usada e se não pararmos isto continuará a ser usada como arma de arremesso político do PS. É absolutamente intolerável”, e terá de ser Hugo Mendes a responder “e o governo responder por essas palavras”

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