A Fitch Ratings manteve esta sexta-feira inalterada a notação de risco de Portugal, que se mantém em BBB+, ou seja, três níveis dentro de “investimento de qualidade”. Porém, a agência passou a prever um crescimento melhor da economia portuguesa, 1,3%, em 2023.

A agência de notação tinha melhorado, em outubro, a notação de crédito da República Portuguesa para o nível atual – na altura, porém, a Fitch antecipava que a economia portuguesa não crescesse mais do que 1% neste ano.

No relatório divulgado esta sexta-feira, a Fitch elogia a redução “muito melhor do que a esperada” no défice de 2022, que ficou em 0,4% (contra 2,9% de 2021). A expectativa para este ano, porém, é que o défice das contas públicas se dilate para 1,2% em 2023 (um pouco mais do que os 0,9% previstos pelo Governo). “O histórico recente de desempenho orçamental melhor do que o esperado contribui para a perceção de que os riscos para a projeção [de 1,2%] são equilibrados”, ou seja, na opinião da Fitch não há mais riscos de que o défice seja pior do que o previsto do que riscos de que seja melhor.

Porém, a Fitch salienta que mesmo com a redução esperada do rácio de dívida pública, previsto em 109,1% do PIB em 2023 e 105,4% em 2024, “o endividamento público de Portugal é o segundo mais elevado entre os países classificados com rating BBB”, o grupo de países onde Portugal se insere.

A agência de rating salienta, também, que cerca de 90% dos créditos à habitação em Portugal estão contratados com taxa variável, o que torna os clientes mais expostos à subida rápida das taxas de juro nos últimos meses. Isso é um fator de risco destacado pela Fitch, porém, “identificamos fatores mitigantes nos riscos para a estabilidade financeira“, fatores que incluem “as medidas de apoio público que pretendem suavizar o impacto das taxas de juro mais elevadas” e, também, as medidas precaucionárias que foram adotadas desde 2018 para limitar a exposição dos clientes ao crédito bancário.

Assim, embora se antecipe um crescimento mais baixo na primeira metade de 2023, por força da subida dos preços e das taxas de juro, “antecipamos uma recuperação da atividade no segundo semestre de 2023, animada pelo investimento público e por uma aplicação mais rápida dos fundos comunitários, em particular o Next-GenerationEU, bem como por uma melhoria na situação económica dos principais parceiros comerciais de Portugal”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR