É o novo CEO (presidente executivo) da TAP, Luís Rodrigues, que comenta os resultados do primeiro trimestre, apesar de só ter entrado na transportadora a 14 de abril.

No entanto, em comunicado de resultados, divulgado na CMVM, é citado dizendo que “o primeiro trimestre de 2023 mostrou uma continuidade do crescimento da procura, fazendo com que a TAP transportasse, pela primeira vez num trimestre pós-crise, mais passageiros do que em 2019″. Neste trimestre, acrescenta, a TAP apresentou “um forte desempenho operacional e financeiro, apesar do aumento dos custos e dos desafios operacionais. Enfrentar esses desafios às portas do verão é o caminho no qual temos de nos concentrar. Caminho esse, que não se pode realizar sem o esforço e dedicação de todos os nossos colaboradores”.

A divulgação dos resultados aconteceu enquanto Ramiro Sequeiro, ex-CEO interino e que hoje se mantém na comissão executiva como administrador operacional, está a ser ouvido na comissão de inquérito, na qual recusou falar das contas do primeiro trimestre por questões de cumprimento das regras do mercado de capitais e da CMVM. E diz que ainda não teve acesso aos valores.

No primeiro trimestre, a TAP teve perdas de 57,4 milhões de euros, “mas com uma melhoria significativa”, isto quando comparado com os primeiros trimestres de 2022 e de 2019, altura em que as perdas foram, respetivamente, de 121,6 milhões e 106,6 milhões.

No trimestre em que a TAP ainda era liderada por Christine-Ourmières Widener, a margem bruta operacional (EBITDA) foi positiva em 120 milhões de euros, o que acontece pelo sétimo trimestre consecutivo, diz a companhia. O resultado operacional foi negativo em 10,2 milhões de euros no primeiro trimestre, mas a TAP destaca um aumento de 46,6 milhões de euros face ao mesmo período de 2022.

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As receitas nos primeiros três meses atingiram 835,9 milhões de euros, mais 70,4% que em igual período do ano anterior, sendo 737,6 milhões referentes a passagens. O montante representa 136% das receitas operacionais registadas pela companhia nos primeiros três meses de 2019.

O número de passageiros cresceu 67% face a mesmo período de 2022, ultrapassando os níveis pré-crise de 2019. O número de voos subiu 34%, correspondendo a 92% dos registados no mesmo período de 2019.

A TAP assinala ainda um aumento de capacidade (medida em ASK) para um nível superior ao de 2019, com o load factor a crescer 12,3 pontos percentuais face e 2022 e 3,8 pontos percentuais face ao período pré-crise- .

Os gastos operacionais recorrentes ascenderam a 846,1 milhões, mais 57,5% que nos primeiros três meses de 2022, o que é atribuído ao custo com os combustíveis, mas também é referido um aumento dos custos operacionais de tráfego de 42, 7%.

Excluindo custos com combustíveis, o CASK (custo por lugar disponível e por quilómetro) registou um aumento de 1,2%, para EUR 4,76 cêntimos. Mas ao contrário do que sucede com os indicadores do lado da receita, a TAP não dá a comparação com o CASK do primeiro trimestre de 2019. Essa pergunta foi feita a Ramiro Sequeira durante a audição, na sequência de um alerta deixado por Alexandra Reis na análise às contas de 2022. Segundo a ex-administradora, o CASK de 2022 estaria mais alto do que o de 2019, apesar dos cortes salariais, mas o gestor disse não ter os valores presentes, ainda que tenha referido que são públicos.

A TAP indica ainda que o segmento de manutenção registou um acréscimo de receitas de mais de 200% no primeiro trimestre para 43,6 milhões de euros. Já as receitas do negócio de carga caíram 24,6% face ao mesmo período de 2022.