O polémico selo comemorativo da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023 emitido pelo Vaticano foi retirado de circulação, noticiou esta quarta-feira o jornal 7MARGENS, especializado em assuntos religiosos, que tentou adquirir um exemplar do selo diretamente nos correios do Vaticano — tendo recebido a informação de que o selo seria retirado de circulação.

Em declarações ao Observador, fonte oficial do Governorato do Estado da Cidade do Vaticano (a autoridade civil do pequeno país, que é o emissor do selo postal) confirmou que “o selo foi retirado” e que as autoridades vaticanas estão a preparar “um novo selo em substituição”. Ainda assim, notou o Observador, esta tarde o selo inicial ainda continuava disponível online, no site de filatelia da cidade do Vaticano.

Da autoria do italiano Stefano Morri, a imagem do selo provocou uma onda de indignação, incluindo em alguns setores da igreja portuguesa, por assemelhar-se a propaganda do Estado Novo — “inspirado no Padrão dos descobrimentos”, mostrava o Papa Francisco no lugar do Infante Dom Henrique, junto com jovens e navegadores.

Bispo Carlos Azevedo classifica de “péssimo mau gosto” selo do Vaticano sobre JMJ. Organização rejeita leituras negativas

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“Da mesma forma como o timoneiro D. Henrique lidera a tripulação na descoberta do novo mundo, assim também no selo do Vaticano o Papa Francisco conduz os jovens e a Igreja”, explicou uma nota publicada no site de notícias do Vaticano, o Vatican News, no dia do lançamento do selo, terça-feira, 18 de maio.

Um dos principais críticos do selo foi o bispo português D. Carlos Azevedo, que trabalha no Vaticano como delegado do Comité Pontifício para as Ciências Históricas. À agência Lusa, o bispo considerou de “péssimo mau gosto” a imagem do selo. “Certamente o Papa Francisco não se identifica com esta imagem nacionalista” que “contraria a fraternidade universal”, disse o bispo.

O selo teria um valor de 3,10€ e uma tiragem de 45 mil unidades. Esta quarta-feira, o 7MARGENS tentou obter um exemplar do selo e, no posto de correios oficial da Praça de São Pedro, um funcionário explicou que não seria possível já que, por ordens superiores, este tinha sido retirado de circulação.