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O líder do grupo Wagner está cada vez mais isolado. As tensões crescentes entre Yevgeny Prigozhin e os responsáveis do Kremlin estarão a levar vários responsáveis políticos russos a afastarem-se – e, em alguns casos, a serem intimidados – a deixarem de cooperar com a organização mercenária.

A conclusão é do mais recente relatório do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla original), que ilustra a posição difícil em que Prigozhin se encontra, afirmando mesmo que o líder mercenário se encontra cada vez mais ostracizado pela elite política russa e que o seu futuro neste momento está dependente da vontade de Vladimir Putin.

O relatório do think tank norte-americano afirma que certos oficiais afiliados com o líder mercenário estarão a ser intimidados pelos siloviki – figuras do aparelho político do Kremlin, geralmente com um passado militar ou nos serviços secretos – para se afastarem de Prigozhin e deixarem de cooperar com o grupo Wagner.

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O ISW cita canais de Telegram, alegadamente afiliados com o Ministério da Defesa e com a própria presidência russa, que afirmam que Yevgeny Prigozhin “está a perder contacto com o presidente da Duma estatal [ndr:a câmara baixa do parlamento russo], Vyacheslav Volodin, e teve uma discussão com o chefe de gabinete da presidência russa, Serguei Kiryenko, que inicialmente apoiava as suas iniciativas”.

O mesmo canal referiu no entanto que Prigozhin ainda se mantém em contacto com o Presidente russo e a sua administração, e descreve a situação em termos claros: “O seu futuro está inteiramente nas mãos de Putin”.

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Ao longo dos meses, muito se tem feito acerca das eventuais ambições políticas do líder do grupo Wagner. Os siloviki, pela sua parte, têm tentado dissuadi-lo, “assustando-o a obedecer”. No entanto, o Instituto para o Estudo da Guerra não crê que a estratégia esteja a resultar.

“Prigozhin afirmou que está disposto a enfrentar os ‘burocratas’ e acusou-os de tentarem ganhar autoridade às custas do grupo Wagner, que está a travar a guerra”, pode ler-se no relatório, que acrescenta ainda que o oligarca “acusou oficiais anónimos de mostrarem apatia perante as mortes russas na linha da frente”.

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Além da intriga política em Moscovo, o relatório abordou ainda a questão da muito aguardada contraofensiva ucraniana. Os detalhes da operação continuam envoltos em mistério; no entanto, o ISW deixou antever que uma ofensiva em Kherson não estará em cima da mesa.

Com efeito, oficiais ucranianos terão sinalizado à comunidade de informação internacional que a ideia de uma operação na região, sob controlo russo desde o início da guerra, está fora de questão. Em causa estará o terreno difícil na margem direita do Rio Dnipro, que causaria “constrangimentos” a quaisquer atividades militares de Kiev.

A porta-voz chefe das Forças do Sul da Ucrânia, Natalya Humenyuk, “instou o espaço de informação a ‘esquecer’ atividades ofensivas ucranianas na direção de Kherson”, menciona o relatório do think tank.

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