O chefe da empresa russa de mercenários Wagner, Yevgeny Prigozhin, afirmou esta segunda-feira que fez uma proposta a Moscovo para defender as zonas russas perto da fronteira com a Ucrânia, que incluíam a defesa daquela área assegurada por voluntários armados — e que essa proposta terá sido rejeitada pelo Kremlin.

Numa carta publicada na sua conta de Telegram (e traduzida pela agência EFE), Prigozhin defende a criação “ao largo da fronteira russa de uma zona de segurança com 30 quilómetros de área, em que os voluntários das milícias populares tenham direito a fixar-se e usar as suas armas”.

A proposta faz parte de um plano elaborado por Prigozhin depois de se ter reunido com representantes da defesa daquelas regiões. Recorde-se que ainda na semana passada a zona de Belgorod foi alvo de um ataque militar reivindicado por grupos de russos pró-Kiev.

Segundo o líder da Wagner, o Ministério da Defesa russo terá rejeitado esta proposta.

É mais um momento de tensão entre o homem conhecido como “cozinheiro de Putin”, pelos seus negócios na área da restauração, e o Kremlin. Também esta segunda-feira Prigozhin fez críticas a Moscovo, não deixando claro, porém, a quem se dirigia diretamente: “Se começas uma guerra, por favor tem caráter, vontade e tomates de ferro — só assim se consegue algo”, disse numa entrevista.

O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW na sigla original) especula que Prigozhin pode estar “frustrado” por não ter recebido uma compensação pela vitória em Bakhmut, tendo sido barrado pelo Kremlin de avançar para tomar por completo a cidade antes do dia 9 de maio.

A informação e contra-informação sobre as verdadeiras intenções do líder da Wagner tem continuado ao longo dos últimos dias. No domingo, o nacionalista russo Igor Girkin (conhecido como Strelkov) acusou diretamente Prigozhin de estar a planear um golpe de Estado contra a atual liderança russa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR