O naufrágio do barco de pesca que transportava migrantes da Líbia para a Itália está envolto em polémica pelo facto de estar a ser imposto silêncio aos sobreviventes que foram resgatados do mar Jónico e que estão num campo de refugiados em Malakasa, perto de Atenas, na Grécia.

As autoridades conseguiram resgatar 104 pessoas (47 sírios, 43 egípcios, 12 paquistaneses e dois palestinos) das cerca de 700 que tentavam chegar a território europeu e, segundo o El País, os migrantes viram a mobilidade e as comunicações limitadas por parte da Guarda Costeira enquanto estiveram no porto de Kalamata.

Segundo os relatos do jornal espanhol, para controlar os refugiados foram colocados biombos junto às casas de banho portáteis que estavam numa das laterais do recinto com o intuito de evitar o contacto com jornalistas e os agentes da Guarda Costeira circundaram todo o perímetro do espaço para complicar essas mesmas comunicações. Também o contacto com familiares foi feito apenas através de abraços com grades pelo meio.

Ahmed, um sírio que vive no Reino Unido e que após o naufrágio se deslocou ao campo de Malakasa para se encontrar com um primo, conta que o familiar está “bem”, em “boas condições”, mas que não lhe permitem que saia do campo de refugiados e que é “vigiado o dia inteiro”. “Eles podem usar o telemóvel para falar com as famílias, a gestão do campo permite”, acrescenta.

Questionado pelo El País, o comandante da Guarda Costeira grega, Sotiris Tsoulos, preferiu não responder ao porquê de haver imposições à liberdade dos refugiados.

A embarcação virou-se em águas internacionais ao largo da península do Peloponeso, na noite de 14 de junho, a 47 milhas náuticas (87 quilómetros) de Pilos, no mar Jónico, sem nenhum dos migrantes a bordo do barco de pesca estar equipado com colete salva-vidas.

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