A Rússia está a investigar um eventual envolvimento de serviços secretos ocidentais no motim do grupo paramilitar Wagner, declarou esta segunda-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov.

O chefe da diplomacia russa afirmou ao canal televisivo russo RT que a Rússia possui “estruturas com esse fim” que se dedicam a essa tarefa.

Lavrov assegurou ainda que o grupo paramilitar vai continuar a operar no Mali e na República Centro Africana, ao assinalar que a rebelião dessa organização na Rússia não afetará a relação entre Moscovo e os seus amigos.

Os membros do Wagner trabalham no Mali e na República Centro Africana “como instrutores e este trabalho vai certamente prosseguir”, declarou.

O grupo Wagner possui mercenários em vários países de África, um fator que suscitou suspeitas sobre o envolvimento de Moscovo em vários conflitos no continente.

No sábado, o chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, suspendeu as movimentações da rebelião na Rússia contra o comando militar, menos de 24 horas depois de ter ocupado Rostov, cidade-chave no sul do país para guerra na Ucrânia.

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O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, qualificou de rebelião a ação do grupo, afirmando tratar-se de uma “ameaça mortal” ao Estado russo e uma traição, garantindo que não iria permitir o início de uma “guerra civil”.

Ao fim do dia de sábado, em que foi notícia o avanço de forças da Wagner até cerca de 200 quilómetros de Moscovo, Prigozhin anunciou ter negociado um acordo com o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko.

Antes, o chefe do grupo paramilitar acusou o Exército russo de atacar acampamentos dos seus mercenários, causando “um número muito grande de vítimas”, acusações que expõem profundas tensões dentro das forças de Moscovo em relação à ofensiva na Ucrânia.