Logo na sessão de investidura do novo presidente da Comunidade Valenciana, sentiu-se a tensão entre os dois partidos que, nos próximos quatro anos, terão a responsabilidade de dirigir os destinos da quarta maior comunidade de Espanha (a seguir à Andaluzia, à Catalunha e a Madrid). Isto porque o novo alcalde, Carlos Mázon, do PP, que tomou posse esta quinta-feira, e que pôs fim a oito anos de domínio socialista na região, resolveu marcar as diferenças entre o seu partido e o Vox (partido de extrema-direita ao qual recorreu para conseguir ter uma maioria no parlamento valenciano), sublinhando, no primeiro discurso que fez, o repúdio por vários tipos de violência: a machista, a de género ou a racial, escreve o El País.

Assim, Mázon garantiu que o seu executivo vai lutar contra “qualquer tipo de violência que ocorra em qualquer ambiente laboral, machista, no seio da família, [violência] de género ou de identidade sexual, [violência] racial e em qualquer de suas formas”. Numa referência clara ao Vox, o novo presidente da Comunidade Valenciana fez questão de criticar aquilo que designou como “uma das principais pragas da sociedade: a violência machista”. Com esta referência, Carlos Mazón quis marcar uma linha clara em relação às declarações feitas por alguns dirigentes do Vox aos longo dos últimos anos, nomeadamente em relação às do líder do Vox na Comunidade Valenciana, José María Llanos, que negara, em declarações à TVE, em junho, a existência de violência de género e violência machista em Espanha.

Extrema-direita entra em segundo governo em Espanha, na Comunidade Valenciana

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Logo de seguida, o novo presidente da Comunidade Valenciana aproveitou para se distanciar, mais uma vez, do parceiro de coligação, ao anunciar que, na orgânica do futuro governo regional, uma das vice-presidências terá a pasta da Igualdade, uma bandeira que o PP faz questão de relevar mas que, como se sabe, é pouco importante para o Vox. Assim que foi anunciada a vice-presidência, a bancada do Vox, que tinha acompanhado com palmas grande parte do discurso de Mázon, remeteu-se ao silêncio, conta o diário espanhol.

A questão da igualdade e da discriminação racial ou de género foi a divergência mais visível entre PP e Vox. No entanto, na maior parte do discurso de Mázon foi visível a concordância dos 13 deputados eleitos pela extrema-direita nas eleições regionais de 28 de maio. O momento de maior comunhão, sublinha o El País, terá acontecido quando o novo presidente da comunidade garantiu que o seu governo “eliminará todas as ajudas àqueles que querem impor o els països catalans, um conjunto de territórios, espalhados pela Comunidade Valenciana, Andorra e Baleares que privilegiam a língua e a cultura catalãs. A referência foi do agrado do Vox, que tem marcado a sua ação política pela defesa da unidade territorial de Espanha.

Entre as medidas prioritárias do novo governo valenciano, Mazón destacou a eliminação da taxa turística na região e do imposto sobre sucessões e doações, para além da diminuição da parte regional do imposto sobre os rendimentos, o IRPF. O novo presidente da Comunidade Valenciana tomou posse com o voto favorável de uma maioria frágil dos deputados do parlamento valenciano: 53 votaram a favor (40 deputados do PP e 13 do Vox, dos quais depende para governar) e os restantes 46 contra (31 do PSOE e 15 do Compromís).