O ministro da Cultura deu mais uma entrevista — a terceira em menos de uma semana. Desta vez, Pedro Adão e Silva secunda António Costa, sublinhando que, tal como disse o primeiro-ministro, “a preocupação essencial das pessoas são as suas condições de vida.” Ao Público, o ministro realça que “há vantagem em a disputa política ser em torno das soluções para aquilo que tem a ver com o custo de vida e não um foco exclusivo em torno dos ‘casos e dos casinhos'”.

Ainda assim, Pedro Adão e Silva que, embora “a preocupação das pessoas sejam as suas condições de vida”, “isso não quer dizer que as pessoas, ao mesmo tempo, não façam uma leitura da democracia nas suas várias dimensões”.

Adão e Silva diz que ninguém pode limitar intervenção política de um governante

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A dicotomia condições de vida versus corrupção foi introduzida por António Costa depois de mais uma demissão no governo: a do ex-secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira, que apresentou a demissão por suspeitas de corrupção. De imediato, o primeiro-ministro foi acusado de desvalorizar a corrupção, quando disse que as pessoas o abordam na rua e falam de temas diferentes daqueles que são debatidos no espaço público. “Eu ando muito na rua, vou ouvindo o que as pessoas me dizem, e as pessoas dizem-me coisas que têm pouco a ver com esses assuntos”.

Desvalorizo a corrupção?

Num artigo de opinião, publicado, no sábado, no Observador, o primeiro-ministro recusa a ideia de que esteja a desvalorizar a corrupção. “Ao longo da semana fui assistindo à construção de uma mentira a partir da deturpação de uma resposta a uma pergunta… que não me foi feita. Não! Não desvalorizo a corrupção. E tenho-o demonstrado ao longo da minha vida política, sem retórica e com ação”, escreveu António Costa, lembrando “a profunda reforma legislativa” que produziu como ministro da Justiça, bem como “as medidas de transparência” que introduziu na gestão municipal e o “atual reforço sem precedentes dos meios de combate à corrupção por parte da Polícia Judiciária”.

Sobre o mais recente ‘caso’ no Governo, o ministro da Cultura realça que “os momentos em que as pessoas são constituídas arguidas” não são “para banalizar nem para desvalorizar em absoluto” ou “para ridicularizar”. Pedro Adão e Silva pede “muita prudência” na forma como são feitas “leituras”. Muitas vezes, os responsáveis políticos tiram “responsabilidades políticas”, sendo que, depois, “nunca chegam a ser acusadas”.

Parlamento está subordinado “à lógica mediática”, diz Adão e Silva

O responsável pela pasta da Cultura critica também o que diz ser a “subordinação da atividade política no Parlamento à lógica mediática”. Esta realidade, diz, “prejudica o parlamentarismo”. No entanto, Pedro Adão e Silva recusa a ideia de que tenha uma “propensão anti-parlamentar”.

O ministro respondeu ainda ao presidente do PSD, que o acusara de “arrogância” e “pedantismo intelectual”. Adão e Silva considera “muito curioso quando se invoca o intelectual como uma coisa depreciativa”, algo que “diz mais sobre quem faz essa acusação do que do alvo”.