As duas associações que representam os músicos e lojistas do centro comercial Stop vão voltar a reunir-se com o executivo da Câmara Municipal do Porto esta sexta-feira, confirmou ao Observador Jaime Manso, da Alma Stop. No encontro estará presente o vereador das Finanças e da Economia, Ricardo Valente. Rui Moreira, que esteve na reunião desta quinta-feira, não participará neste segundo encontro.

A reunião que as duas associações tiveram esta quinta-feira correu “bem”, confirmou ao Observador o presidente da Associação Cultural de Músicos do Stop. Rui Guerra disse que os artistas estão a tentar encontrar uma forma de permanecerem no Stop até que seja encontrada uma alternativa, seja ela qual for, mas ainda nada está decidido. Segundo o representante, os músicos consideram a solução da Escola Pires de Lima a que “parece ser mais viável”, estando agendada uma visita ao espaço para a próxima semana.

A escola, que vai ser encerrada, fica próxima do centro comercial e, de acordo com a câmara, estaria disponível antes do final do ano.

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A ideia é “tentar encontrar uma forma de entendimento para continuarmos até às obras estarem prontas para nos receberem” no novo local. “Não queremos ficar parados. Gostávamos de ficar todos unidos no mesmo local”, declarou o presidente da Associação Cultural de Músicos do Stop.

Jaime Manso, da Alma Stop, considerou que não lhe parece que, para já, “haja uma solução” para o centro comercial, mas que o executivo camarário foi “pressionado para que haja”. O responsável pelo departamento jurídico da Alma Stop mostrou-se indignado com a forma como os músicos foram tratados e pelas dificuldades que tem sido apresentadas em relação à retirada do material que ficou nas salas do Stop.

Para terem acesso aos espaços que foram encerrados, os artistas têm de preencher um requerimento e ser acompanhados ao local por um agente da Polícia Municipal, requisitos que são mais difíceis de cumprir por aqueles que vivem fora do Porto, e que são muitos. Enquanto isso, muitos músicos encontram-se sem o seu material e impossibilitados de trabalhar.

“Quem é que se vai responsabilizar por este dolo que está a ser provocado aos músicos?”, questionou Jaime Manso, em conversa com o Observador, lembrando que há estúdios que estão fechados e professores de música que não têm podido dar aulas.

O Observador contacto a Polícia Municipal do Porto mas, até ao momento, não obteve resposta às perguntas enviadas.

Bloco de Esquerda vai apresentar proposta em reunião de câmara. Manifestação de segunda-feira mantém-se mesmo que se chegue a uma solução

Os deputados municipais do Bloco de Esquerda vão reunir-se esta sexta-feira à tarde com representantes da Alma Stop, uma outra associação que reúne músicos do centro comercial do porto. Paralelamente, o Bloco de Esquerda, que tem estado a acompanhar de perto esta situação, está a trabalhar numa proposta que será apresentada na reunião de câmara de segunda-feira, confirmou ao Observador a deputada municipal Susana Constante Pereira.

A reunião de câmara acontecerá na segunda-feira de manhã e será à porta fechada. Também para segunda-feira está marcada uma marcha de protesto entre a Câmara Municipal do Porto e o Stop. A concentração está agendada para as 15h e o início da marcha para as 19h30.

Jaime Manso garantiu ao Observador que o protesto será mantido mesmo que se chegue entretanto a um acordo com a Câmara Municipal. “Rui Moreira e o executivo não podem tratar assim as pessoas”, afirmou o responsável. “Não somos ocupas e fomos tratados como ocupas. Estamos a pagar alugueres. Não estamos [no Stop] ilegalmente. Temos tudo legal”, disse.

Na terça-feira, mais de uma centena de lojas do Stop, na Rua do Heroísmo, no Porto, foram seladas pela Polícia Municipal “por falta de licenças de utilização para funcionamento”, justificou a autarquia, deixando quase 500 artistas e lojistas sem terem para onde ir.

Artigo atualizado às 16h22 com novas informações