Dois paleontólogos portugueses descobriram um fóssil raro de uma planta primitiva, com cerca de 300 milhões de anos, no Buçaco, tendo esta descoberta sido publicada no jornal internacional Review of Palaeobotany and Palynology. Segundo o investigador do Centro de Geociências do Departamento das Ciências da Terra da Universidade de Coimbra, Pedro Correia, o fóssil descoberto corresponde “ao estróbilo masculino de uma planta arborescente que existiu na região do Buçaco há cerca de 300 milhões de anos”.

A nova espécie de uma gimnospérmica extinta, que recebeu o nome Florinanthus bussacensis, foi descoberta por Pedro Correia e Sofia Pereira, os dois investigadores do Centro de Geociências da Universidade de Coimbra que, no ano passado, já tinham descoberto o primeiro fóssil de uma barata primitiva nas formações carbónicas na região.

O estudo científico, liderado por Pedro Correia e feito em colaboração com Sofia Pereira e mais dois especialistas estrangeiros — Zbynek Simunek (República Checa) e Christopher Cleal (Reino Unido) —, permite “saber como estas plantas extintas se reproduziam, qual a sua diversidade morfológica e taxonómica no final do Período Carbónico”. Estas plantas, que apareceram no final do Paleozoico e durante os períodos Carbónico e Pérmico, “cobriam grandes áreas da superfície da Terra“.

Amplamente reconhecidas como “árvores de grande porte”, as Cordaitales podiam atingir até 40 metros de altura e possuíam copas densamente ramificadas. As suas folhas estavam dispostas em hélice, tinham forma de alça ou língua e os órgãos reprodutores são “considerados cones compostos, contendo pólen monossacado ou óvulos platispérmicos”.

“Estruturas reprodutoras como estróbilos de Cordaitales são raras no registo fóssil. A descoberta deste novo fóssil fornece uma maior visão sobre a variabilidade das características morfológicas e ontogenéticas destas plantas primitivas”, evidenciou Pedro Correia. Segundo o especialista em paleobotânica do Centro de Geociências e Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra, a diversidade deste grupo de plantas é ainda pouco conhecida, devido à difícil preservação e reconhecimento destas estruturas reprodutoras.

“A maior dificuldade em trabalhar com fósseis vegetais é conectar as diferentes partes fossilizadas destas plantas e estabelecer uma relação de parentesco. A maioria dos restos destas floras preservados no registo fóssil corresponde a folhas, caules, raízes e sementes”, esclareceu. As floras do Carbónico do Buçaco “estavam adaptadas a climas secos e habitaram ambientes intramontanhosos”, nos quais sistemas fluviais funcionaram como mecanismos de transporte de muitos restos vegetais e de sedimentos erodidos de rochas circundantes.

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