Uma das paredes de Brick Lane, rua londrina conhecida pela sua arte urbana, foi grafitada este fim de semana com slogans do Partido Comunista Chinês. A vermelho sobre uma parede branca foram pintados 24 caracteres chineses que destacavam os “valores socialistas centrais” de Pequim.
Os 12 valores incluem, de acordo com a CNN, “prosperidade”, “harmonia”, “patriotismo”, “democracia”, “liberdade”, “igualdade”, “justiça”, “amizade”, “dedicação”, “integridade”, “civilidade” e “estado de direito”. Apoiados por Pequim e pelo seu Presidente, Xi Jinping, estes slogans costumam ser colocados em cartazes e frequentemente apresentados na televisão estatal chinesa.
Os graffitis não foram bem vistos por artistas locais, principalmente porque destruíram arte urbana existente no local, incluindo uma obra em homenagem a um artista de rua que morreu. Por sua vez, várias pessoas adicionaram novas pinturas por cima ou ao lado dessas de forma a criticar o governo chinês. Alguém colocou “não” à frente dos caracteres de “democracia” e “liberdade”. Já à frente de “igualdade” foi escrita a seguinte frase do romance “A revolução dos bichos” de George Orwell: “Mas alguns são mais iguais do que outros”.
A CNN relata que na manhã desta segunda-feira todos os graffiti tinham desaparecido. Foi o Tower Hamlets Council, autoridade local que gere aquela região de Londres, que os removeu devido à sua política contra “graffiti indesejados e ilegais”. Porém, segundo a estação televisiva, não explicou porque é que apagou apenas as pinturas relacionadas com a China.
Algumas horas depois, no final da tarde desta segunda-feira, a parede estava outra vez cheia de cartazes e pinturas relacionadas com Pequim. Face às críticas de que têm sido alvo, os artistas disseram não esperar uma reação tão intensa e que a situação “escalou” para ameaças de morte e cyberbullying.
Wang Hanzheng, um dos criadores dos graffiti, escreveu na rede social Instagram que a obra não tem “muito significado político”, mas que serve de pretexto para “discutir diferentes ambientes”. À BBC, acrescentou que “não há dúvida” de que os valores são “não apenas objetivos da China, mas objetivos comuns para o mundo”.