Vestígios de ocupação romana foram encontrados em Alfaião, no concelho de Bragança, foi esta sexta-feira revelado na sessão de apresentação dos resultados de prospeção arqueológica, que ocorreu na capela de Nossa Senhora da Veiga, naquela freguesia.

As prospeções foram feitas ao longo do mês de maio de 2021, aquando das obras de requalificação de um palco no adro daquela capela, num sítio que estava já referenciado.

Nas imediações, foram encontradas ao longo dos anos moedas, tégulas, ímbrices (cerâmica de construção) e outro material de época romana, que estavam mais à superfície e que foram desenterrados, por exemplo, durante a lavoura de terrenos agrícolas.

Agora, há estruturas associadas ao espólio arqueológico, “dos finais do século III, início do século IV d.C”, explicou à Lusa Mónica Salgado, a arqueóloga responsável pelos trabalhos.

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Apareceu algum material cerâmico e vítreo, e estruturas – muros delimitadores de um espaço ocupado. Foi identificada uma habitação. Não sabemos é a funcionalidade. Porque esta intervenção foi feita num período de tempo reduzido. Não conseguimos delimitar toda a habitação, os seus compartimentos e perceber para o que era usada. Precisámos de alargamentos e de muito mais espaço escavado”, afirmou Mónica Salgado. As construções encontradas estão “bem preservadas”, avançou ainda a arqueóloga.

Para já, não estão previstas mais escavações, até porque, ressalva Mónica Salgado, esse é um trabalho a envolver várias etapas e entidades.

A realizar-se, terá que ser um plano de investigação em arqueologia, com pessoas especializadas. Isso acarreta custos e, sobretudo, vontade e sensibilidade da população, porque alguns terrenos são propriedade privada. E só podemos escavar com a autorização dos proprietários. Envolve também muitas entidades”, acrescentou.

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Do lado da Junta de Freguesia, manifesta-se vontade de continuar a apostar na continuação destas investigações, disse o presidente da autarquia, Luís Venâncio Carvalho, que esteve nesta sessão: “O que pretendemos neste momento é levar esta informação e tentar, juntamente com a Junta Fabriqueira, procurar apoios para no futuro, quem sabe, poder explorar um pouco mais estas escavações, que são património”.

Luís Venâncio Carvalho frisa ainda que é preciso ajuda para isso, “seja do município ou do Estado”, porque a junta não consegue verbas para obras desta magnitude”. A esperança é, no futuro, “criar um ponto de referência para as pessoas que apreciam história e pretendem proteger o património”.

Cultura da Câmara de Bragança, que disse aos presentes que “o município está empenhado em preservar o património religioso e a História do concelho“.

Este processo começou em 2017, mas só em 2021 foram realizadas as intervenções. O pároco local, António Estevinho Pires, relembra o que conduziu a este processo: “A lei prevê que, antes de fazer obras em lugares históricos ou com esses indícios, que se faça a prospeção arqueológica. É um dever de cidadania, sejamos clérigos ou leigos, de facilitarmos este trabalho. Porque sem arqueologia não conhecemos a nossa História”, considerou o padre.

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