O investigador Aires Henriques procura demonstrar, numa obra a lançar nos próximos meses, que em Pedrógão Grande existiu um castelo medieval, ao contrário do que até agora foi publicado sobre o assunto.

Ao anunciar a descoberta, avalizada pelo arqueólogo José D’Encarnação, o autor, com várias obras publicadas sobre a história e o património da região, assume que o faz “contrariando manuais e quantos diziam que em Pedrógão Grande nunca existiu um castelo medieval”, nem sequer “referências ou vestígios de muralhas defensivas”.

Aires Henriques disse esta sexta-feira à agência Lusa que há poucos anos comprou uma casa no centro histórico de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, em cujas fundações suspeitava estarem os restos da antiga muralha. “Nunca desistindo do meu intento de descoberta, vim a adquirir essa construção em avançado estado ruína, na rua Direita, e consegui pôr à vista o que resta do pano de muralha de uma torre medieval que subsiste”, revelou.

A descoberta é descrita no seu novo livro, “O Castelo de Uzbert, vigia do Reino”, a que a Lusa teve acesso e cujo lançamento ainda não está marcado, com prefácio redigido pelo arqueólogo José d’Encarnação, professor jubilado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

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“Aliado aos propósitos de D. Afonso Henriques para defender e povoar a região, aí se atesta como ergueu, no sítio do Penedo (…), o seu primeiro castelo roqueiro a oriente da Serra da Lousã, confiado ao seu fiel cavaleiro Uzbert”, afirma.

Economista de profissão, dono do Museu da República e Maçonaria, no lugar de Troviscais, o investigador comunicou a descoberta à Direção-Geral do Património Cultural, à Direção Regional de Cultura do Centro e à Câmara Municipal, tendo também levado alguns arqueólogos ao local.

“Aguardamos ora que alguém se pronuncie quanto ao intrínseco valor histórico de tal achado, sendo certo que nos aguardam trabalhos de mobilização e remoção de algumas centenas de metros cúbicos de terra e escombros“, escreve na obra, que se segue à publicação do estudo “Uzbert e a Herdade de Pedrógão na Rede dos Castelos e Muralhas da Linha de Defesa Sul do Condado Portucalense”.

José D’Encarnação enaltece o testemunho de Aires Henriques e “a sua convicção de que se encontraram os fundamentos do castelo, cuja construção el-rei D. Afonso Henriques acordara com o franco Uzbert, a fim de reforçar o sistema defensivo meridional do Condado Portucalense, em linha com os castelos de Penela, Lousã e Miranda do Corvo”.

No prefácio, com o título “Um novo olhar sobre Pedrógão Grande”, o arqueólogo realça que “O Castelo de Uzbert, Vigia do Reino” é uma “forte alavanca” para reabilitar a importância histórico-cultural do concelho.