Operar no mercado de transferências pela Roma perante as limitações do fair-play financeiro que já vêm de trás é quase como jogar Football Manager mas partir sempre do quase zero para melhorar um plantel. Ainda assim, foi isso que Tiago Pinto, diretor geral dos giallorossi, foi tentando fazer ao longo dos últimos meses com alguns resultados práticos que valeram a chegada do lateral Rasmus Kristensen (cedido pelo Leeds), do central Evan N’Dicka (livre, Eintracht Frankfurt), dos médios centro Leandro Paredes e Renato Sanches (ambos do PSG, o primeiro por 2,5 milhões de euros e o segundo numa cedência de uma temporada por um milhão) e do médio ofensivo Houssem Aouar (livre, Lyon). As saídas, entre vendas diretas neste verão como as de Ibañez, Matic ou Volpato e as saídas já acordadas como a de Justin Kluivert, renderam um total de 70 milhões de euros, 30 milhões só neste mercado. José Mourinho elogiava mas ainda queria mais.

“Muito foi feito e bem feito. Conseguir 30 milhões de euros em vendas, sob pressão, não foi fácil para o clube. Eu também ajudei, ao aumentar o valor de jogadores que valiam quase zero, e conseguimos salvar o clube no limite. Temos certas limitações económicas e financeiras, era difícil fazer melhor nestas circunstâncias. Mas não posso dizer que esteja feliz porque a época arranca amanhã [domingo]. Não discuto, tento ser positivo porque os jogadores precisam de mim assim. Estou convencido que o clube vai conseguir contratar o jogador que eu quero”, destacou o técnico português, apontando para a necessidade de mais um avançado.

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“Toda a gente sabe qual é a situação com o avançado, mas não vale a pena chegar aqui e chorar. Todos sabem que perdemos o Tammy Abraham a 5 de junho e não fizemos nada para o compensar. O diretor e o clube estão a fazer tudo o que é possível, eu apenas posso treinar os jogadores que tenho à minha disposição. Temos dois jogadores fundamentais que não podem jogar. Peço aos adeptos que façam a sua parte, um estádio lotado em meados de agosto com um calor incrível. Peço mesmo àqueles que estão zangados, que não têm bandeiras e que chegam dez minutos atrasados para fazerem o seu melhor. Com todas estas dificuldades, vamos jogar”, acrescentou Mourinho, apontando para um rol de ausências que, além do avançado inglês, tinha ainda Kumbulla lesionado e os dois grandes cérebros, Paulo Dybala e Pellegrini, de fora por castigo.

Era neste contexto que a Roma iniciava a Serie A já depois das vitórias do Nápoles (Frosinone, 3-1) e do Inter (Monza, 2-0) e logo contra o conjunto italiano orientado por um português, neste caso a Salernitana de Paulo Sousa. “Vamos defrontar uma equipa muito forte que, se conseguir arranjar um grande avançado, tem todas as condições para vencer o Campeonato. Vamos jogar num belo estádio com um ambiente extraordinário. José Mourinho é um treinador importante, capaz de conseguir títulos. Temos de enfrentar o jogo com os nossos recursos para competir ao nosso melhor nível. O palco do Olímpico deve motivar a equipa a dar o seu melhor. Vamos certamente precisar de um desempenho melhor do que na Taça”, apontou o antigo técnico do Flamengo, que começava pela primeira vez a época no comando da equipa de Salerno.

E a questão do avançado não era o único problema para José Mourinho neste arranque, tendo em conta os dois jogos de castigo na Serie A e os quatro na Liga Europa. Tendo em conta que também os adjuntos Nuno Santos e Salvatore Foti estavam suspensos, era necessário encontrar uma figura para ocupar a posição de treinador no banco e a escolha recaiu na antiga glória Bruno Conti. “Tê-lo no meu lugar é uma honra para mim. Quando falei com ele pela primeira vez, senti imediatamente o seu entusiasmo e paixão. Sou eu que lhe devo agradecer e tenho a certeza que nos vai dar aquele empurrãozinho extra”, comentou Mourinho sobre a opção do agora coordenador da formação. No final, entre todas essas nuances, o resultado acabou por ser o mesmo de 2022/23 com um empate a dois na estreia de Renato Sanches pela Roma (entrou aos 65′).

A Roma teve uma grande entrada em campo mesmo contando apenas com Belloti na frente, com o avançado a ver um primeiro golo anulado por fora de jogo após passe de Cristante (8′) mas a não perdoar pouco depois na sequência de uma assistência longa de Diego Llorente para o trabalho individual antes do remate sem hipóteses para Ochoa na área (17′). Qualquer bola parada era um lance de perigo para os romanos poderem aumentar a vantagem mas quando Candreva “apareceu” no jogo tudo mudou: primeiro o antigo internacional de 36 anos tirou um adversário da frente e disparou uma “bomba” à baliza de Rui Patrício (36′), depois teve uma receção orientada para o remate de pé esquerdo na área em arco que fez a reviravolta (49′). Com quatro alterações de uma assentada aos 65′, a Roma nunca desistiu e ainda resgatou o empate com o bis de Belloti (82′), terminando o jogo em cima da área da Salernitana mas sem chegar ao golo da reviravolta.