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Os líderes das nações dos BRICS estão a convergir esta terça-feira para Joanesburgo para o arranque da 15.ª cimeira do bloco, a primeira presencial desde a pandemia de Covid-19. O grupo composto por África do Sul, Rússia, China, Brasil e Índia prepara-se para iniciar um encontro de três dias, em que será avaliada uma possível expansão, numa altura em que vários membros pressionam no sentido de tornar o bloco um contrapeso ao Ocidente.

O Presidente do Brasil, Lula da Silva, foi o primeiro a chegar, ainda na segunda-feira, sendo recebido no aeroporto pela ministra dos Negócios Estrangeiros sul-africana. Esta manhã o líder brasileiro já esteve reunido com uma delegação do Congresso Nacional Africano à porta fechada, ainda antes de se deslocar para o Centro de Convenções de Sandton, onde vai decorrer a cimeira.

O Presidente chinês, Xi Jinping, chegou esta manhã a Joanesburgo, na sua segunda viagem este ano e a primeira ao continente Africano em cinco anos. A deslocação do líder chinês a propósito da cimeira dos BRICS acabou por servir de mote para o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, receber o homólogo numa visita de estado oficial, em que foram assinados vários memorandos — entre os quais cinco no âmbito comercial e dois sobre a cooperação ao nível da educação e formação.

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Na sua declaração inicial, Ramaphosa estendeu as boas-vindas ao homólogo, que descreveu como um “verdadeiro amigo” da África do Sul. Aproveitou também para destacar os vários níveis de cooperação com a China — a nível de comércio, política, energia — e agradeceu o apoio de Pequim na organização da cimeira dos BRICS. Numa resposta breve, Xi Jinping destacou os “laços fortes de amizade” entre os dois países, garantindo que está preparado para levar a parceria a “grandes alturas”.

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, foi o último a chegar a África do Sul, mas a grande ausência da cimeira vai ser o Presidente russo, sob o qual pende um mandado de detenção internacional por crimes de guerra cometidos na Ucrânia. Vladimir Putin vai acompanhar o encontro dos BRICS à distância e, presencialmente, será representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov.

De forma discreta, o tema da guerra na Ucrânia já começou a fazer-se presente. Segundo o jornal sul-africano News24, um pequeno grupo de manifestantes reuniu-se junto ao Parque Innesfree, em Sandton, para apelar ao fim do conflito. O grupo, liderado pela Associação Ucraniana e pela Amnistia Internacional de África do Sul, pediu que o Presidente Ramaphosa condenasse a invasão russa e a deportação forçada de crianças ucranianas.

Os BRICS estão a crescer em “importância e influência” no mundo

No arranque da cimeira, os vários líderes dos BRICS discursaram no fórum económico. O Presidente de África do Sul deu o pontapé de saída e na sua intervenção destacou que o grupo está a crescer significativamente em termos de “importância e influência” no mundo. Cyril Ramaphosa aproveitou para destacar as possibilidades de investimento que o continente africano tem a oferecer, incluindo aos BRICS, que tem a “oportunidade de participar no crescimento” dos países africanos.

Ramaphosa lembrou que, face ao crescimento do estatuto do grupo, durante os próximos dias um dos temas em discussão será o eventual alargamento. “Vamos ter em conta os desejos de vários países que querem fazer parte da família BRICS”, afirmou.

Já o Presidente do Brasil começou o seu discurso sublinhando que os membros do BRICS “ultrapassaram os países do G7 em termos de crescimento económico”.