O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu esta sexta-feira que sejam redobrados os esforços em prol de “soluções abrangentes, inclusivas e duradouras” para a “discriminação e violência sistémica” em Myanmar (antiga Birmânia).

Assinalando seis anos desde o deslocamento forçado em massa do povo Rohingya e de outras comunidades do Estado de Rakhine, em Myanmar, Guterres recordou que essa população continua deslocada internamente e no estrangeiro, incluindo cerca de um milhão de Rohingya no Bangladesh.

Num comunicado divulgado pelo gabinete do seu porta-voz, o líder da ONU frisou que as vulnerabilidades enfrentadas pela população de Myanmar, incluindo os Rohingya, foram agravadas pelo conflito em curso e pela devastação causada pelo ciclone Mocha.

O secretário-geral apela a todas as partes interessadas para que redobrem esforços para encontrar soluções abrangentes, inclusivas e duradouras que possam abordar adequadamente as causas profundas da discriminação e da violência sistémica em Myanmar e para responder à crescente crise de proteção e às necessidades humanitárias”, diz o comunicado.

Segundo o ex-primeiro-ministro português, as Nações Unidas continuarão a apoiar os esforços para que se criem condições que conduzam ao “regresso voluntário, seguro, digno e sustentável” dos refugiados Rohingya aos seus locais de origem em Myanmar.

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Guterres aproveitou para ressaltar os compromissos humanitários e generosidade do Bangladesh, mas sublinhou que esses esforços devem ser reconhecidos através da “responsabilidade partilhada”.

É necessário fazer mais para apoiar o Plano de Resposta Conjunta e evitar uma crise humanitária mais ampla”, apelou.

Acrescentou que a ONU está empenhada em trabalhar com todas as partes interessadas, incluindo os intervenientes regionais, para ajudar a resolver a crise e “procurar responsabilização e justiça para as vítimas”.

Os Rohingyas, estabelecidos em Myanmar há gerações, ainda são considerados “intrusos” no país, não tendo direito à nacionalidade nem aos direitos da própria população birmanesa.

O líder da junta de Myanmar e autor do golpe de 2021, Min Aung Hlaing, que liderou as forças armadas durante a repressão de 2017, considerou que a identidade Rohingya é “apenas uma ideia imaginária”.