Mais de 78 anos após o fim do regime nazi, ainda se continuam a registar consequências judiciais daquela época. A Justiça alemã acusou, esta sexta-feira, um homem de 98 anos, que vive perto de Frankfurt, de “cumplicidade” do assassínio de mais 3.300 pessoas. Os procuradores argumentam que o nonagenário “apoiou a morte cruel e maliciosa de milhares de prisioneiros enquanto membro das SS”, a organização paramilitar associada ao regime de Adolf Hitler.

Segundo o The Guardian, o homem, cuja identidade não foi revelada, trabalhou no campo de concentração de Sachsenhausen entre 1943 e 1945. O tribunal de Hanau vai decidir agora se leva o nonagenário a julgamento. Com uma nuance: uma vez que era menor na altura da prática de alguns dos alegados crimes, será julgado à luz da Justiça juvenil.

Após um relatório emitido por um psiquiatra em outubro de 2022, os procuradores alemães responsáveis pelo caso determinaram que o homem de 98 anos ainda dispõe de capacidades cognitivas suficientes para enfrentar o julgamento.

Nos últimos anos, a Justiça alemã tem continuado a procurar possíveis colaboradores do regime nazi. Ainda que não tenham participado diretamente nas tomadas de decisões do Holocausto, trabalharam em campos de concentração e, por conseguinte, apoiaram implicitamente a morte de judeus, ciganos, homossexuais e outros grupos perseguidos pela Alemanha nazi.

A lei alemã não prevê que crimes de homicídio ou de cumplicidade de homicídio prescrevam, daí os esforços da Justiça germânica em procurar cúmplices ou responsáveis pelos crimes cometidos durante o regime nazi.

Recorde-se que em junho de 2022, um homem de 101 anos foi condenado a cinco anos de prisão por cumplicidade no assassínio de mais de 3.000 pessoas no campo de concentração de Sachsenhausen. Após ter interposto recursos, o homem conseguiu ficar em liberdade, mas morreu, aos 102 anos, em abril de 2023 — e nunca chegou a ser detido.

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