A junta militar no poder em Myanmar está a negar cuidados médicos à antiga líder Aung San Suu Kyi, detida desde fevereiro de 2021, denunciou esta quarta-feira o filho.Em declarações à BBC, Kim Arris afirmou que a junta militar bloqueou um pedido para que Aung San Suu Kyi recebesse “cuidados urgentes”. “Negar a uma prisioneira doente acesso aos cuidados de saúde recomendados é insensível e cruel”, afirmou Arris, que atualmente reside no Reino Unido.

Fontes próximas do caso revelaram à rede da BBC no Myanmar que severas dores de dentes deixaram a mulher, de 78 anos, incapaz de comer. “Qualquer pessoa que tenha uma doença tão dolorosa que não consiga comer, obviamente terá toda a sua saúde em risco se o tratamento adequado for negado”, disse ainda Kim Arris, acrescentando que a mãe também tem outros sintomas como vómitos e tonturas.

Um porta-voz da junta militar negou, entretanto, os relatos. Garantiu que Aung San Suu Kyi está de boa saúde e é avaliada por médicos, tanto civis como militares.

O governo de Unidade Nacional de Myanmar, exilado desde o golpe militar de 2021, já se pronunciou sobre o caso. “A comunidade internacional deve pressionar a junta para que cuide da saúde e garanta a segurança de todos os prisioneiros políticos, incluindo Aung San Suu Kyi”, disse à Reuters o porta-voz Kyaw Zaw.

A antiga líder de Myanmar, que em 1991 recebeu o Nobel da Paz, enfrenta uma pena de prisão de 27 anos. É acusada de 19 crimes, desde fraude eleitoral a corrupção, que sempre negou ter cometido. Em julho deste ano foi transferida de uma prisão para um edifício governamental na capital de Myanmar, Naypyidaw.

São vários os países que têm apelado à libertação incondicional de Aung San Suu Kyi e de centenas de prisioneiros políticos detidos na sequência do golpe militar. Em resposta, os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Europeia já implementaram sanções contra o país asiático.

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