390 semanas como número 1 do ranking ATP, recorde. Sete anos a terminar como número 1, recorde. 12 anos como líder mundial da hierarquia do ténis, recorde. Maior total de pontos do ranking num acumulado de 16.950, recorde. Dez vitórias no Open da Austrália, recorde. Mais de 87 vitórias em todos os Grand Slams, recorde. Vitória em todos os Grand Slams três vezes, recorde. Triunfos em todos os Masters 1.000, recorde. A lista poderia continuar mas o mais impressionante quando se olha para o percurso de Novak Djokovic é que cada ano que passa existe algo mais para bater e batido. Agora, com o quarto sucesso no US Open, o sérvio de 36 anos atingiu mais um registo para a história igualando os 24 Majors de Margaret Court. Ainda assim, e no meio do significado que a vitória teve, havia uma outra homenagem preparada no Arthur Ashe.

Ele só tem um adjetivo para descrevê-lo, indescritível: Djokovic vence Medvedev, conquista US Open e faz mais história nos Grand Slams

Jimmy Connors ainda conseguiu um feito notável ao chegar às meias do US Open em 1991 com 39 anos e na condições de wild card (perderia depois para o compatriota Jim Courier, que seria derrotado na final frente a Stefan Edberg) mas Novak Djokovic tornou-se o mais velho de sempre a ganhar o Major de Nova Iorque após bater Daniil Medvedev em três sets, “vingando” uma das suas poucas derrotas na carreira onde acusou a pressão de ultrapassar Rafa Nadal e ganhar todos os Grand Slams num ano (2021). Após o ponto decisivo, o sérvio foi à rede cumprimentar o adversário, falou também ao árbitro e só então caiu ajoelhado no chão em lágrimas antes de agradecer ao público e ir ao camarote onde estava equipa técnica, família e amigos entre um primeiro abraço à filha mais nova, Tara, que lhe saltou para cima à frente de toda a “concorrência”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Depois do último ponto, senti-me aliviado. Sem qualquer falta de respeito, a única coisa que queria era ir à rede cumprimentar e trocar umas palavras para ir abraçar a minha filha. Ela estava sentada na fila da frente, não sabia que ela ia estar sentada ali e quando fui para o court vi que estava ali. Estava a olhar para mim quando ia à cadeira e sorria sempre que precisava daquela energia inocente de uma criança. Consegui através dela, quando estava em momentos de maior stress como aconteceu no segundo set e precisava de mais força e luz, ela sorria”, explicou no final do encontro o número 1 sobre esse momento.

A seguir vieram todos os outros cumprimentos, entre mulher, filho, pais, treinadores e amigos neste caso mais improváveis mas que foram também corridos a abraços e beijos como Matthew McConaughey. Ainda assim, havia outra “surpresa” guardada em forma de homenagem que assinalava também o 24.º Grand Slam: uma camisola com o número 24 de Kobe Bryant, antigo basquetebolista dos Los Angeles Lakers que faleceu num acidente de helicóptero em janeiro de 2020 e que foi recordado pelo tenista sérvio através de uma camisola com a fotografia de ambos e a frase “Mamba Forever” pela qual o base era conhecido.

“Os 24 títulos significam tudo para mim. Tenho repetido ultimamente mas a verdade é que continuo a viver o meu sonho de infância. Competir ao mais alto nível num desporto que me tem dado tanto a mim e à minha família, que me deu sempre todo o apoio apesar de todas as dificuldades que passámos. Estou-lhes grato por isso. É difícil descrever por palavras mas o meu sonho quando tinha sete ou oito anos era tornar-me o melhor jogador do mundo e ganhar Wimbledon. Depois comecei a ter novos sonhos e estabelecer novos objetivos, mas nunca pensei que chegar aos 24 títulos do Grand Slam seria uma realidade. Nos últimos anos percebi que tinha algumas hipóteses de alcançar essa marca e pensei: porque não?”, referiu Djokovic.

“Pensei em fazer esta camisola com o ‘Mamba Forever’ há uma semana. Não contei a ninguém até há alguns dias, quando pedi ajuda para fazê-la. O Kobe era um amigo próximo, falávamos muito sobre a mentalidade vencedora e também quando eu não me encontrava bem, devido a uma lesão, e tentava voltar a jogar ao mais alto nível. Era uma das pessoas em quem mais confiava, estava sempre disponível para qualquer tipo de apoio ou conselho. A morte dele e da sua filha, há uns anos, provocaram uma dor profunda em mim. Lembrei-me que usava o 24 quando se tornou uma lenda dos Lakers e do basquetebol, portanto esta camisola era uma boa maneira de reconhecer tudo aquilo que ele alcançou”, acrescentou o sérvio.

Na retina ficou também o discurso de Daniil Medvedev ainda no court e mais tarde na conferência, com uma dose especial de humor à mistura. “O que é que fazes aqui [Novak]? Tens de ir embora… Eu tenho 20 títulos no circuito ATP e tu tens 24 Grand Slams… Tu e o Rafa fizeram-me melhor jogador mas das cinco finais contra vocês só ganhei uma… Há dois anos quando te ganhei aqui a final dei um bom presente de aniversário à minha mulher mas o de hoje foi uma boa m****. Por fim, e para todos os espectadores que aqui estiveram, um obrigado do tamanho do mundo. São incríveis, este estádio é especial. Quando cheguei disse que queria jogar bem aqui porque sentia a energia de todas as pessoas. Gostava de ter conseguido fazer melhor, não deu, mas todos vocês empurraram-me para eu ser melhor”, comentou o número 3 do ranking.