A Toyota, o maior construtor de veículos do mundo, “acordou” tarde para os veículos 100% eléctricos, mas (finalmente) parece estar na disposição de fazer um investimento nesta tecnologia compatível com a dimensão de gigante que tem. De momento, a marca nipónica tem como seu único modelo 100% eléctrico o SUV bZ4X e foi precisamente este o termo de comparação que utilizou para desvendar o que tem preparado para o futuro. Na calha está uma “nova geração de veículos eléctricos a bateria (BEV)”, que virá acompanhada de melhorias na construção, visando um peso mais aligeirado e (certamente) custos de produção mais contidos. Mas as novidades não ficam por aí, muito pelo contrário, pois o construtor nipónico revelou o plano que tem traçado para o desenvolvimento de baterias com autonomias entre 800 e 1200 km.

Para começar, desengane-se se por acaso imaginou que este avanço está ao virar da esquina. Ainda vai ser preciso esperar, pelo menos três anos, para que se vejam os primeiros resultados da estratégia da Toyota. Se o cronograma apresentado pela marca for cumprido, só em 2026 é que poderemos ter na estrada o primeiro elemento da nova geração de BEV da Toyota. Assim o confirmou o presidente da fábrica de BEV da Toyota, Takero Kato, segundo o qual 1,7 milhões dos 3,5 milhões de modelos exclusivamente a bateria que a Toyota espera vender até 2030 serão já da próxima geração.

Para que essa meta seja cumprida, a Toyota aposta em baterias para todos os gostos: três concentram-se nas convencionais baterias de electrólito líquido, visando “fornecer maior potência, maior autonomia, carregamento mais rápido e menor custo”, e a quarta aponta o foco à há muito aguardada tecnologia de estado sólido. Será esta a que poderá vir a colocar na estrada eléctricos Toyota com até 1200 km de autonomia, algo que a acontecer será somente em 2027/28. A marca reviu os planos a este respeito, pois o que estava inicialmente previsto era incorporar as baterias sólidas nos híbridos convencionais. O foco mudou e “está agora principalmente nos BEV da próxima geração”, com a marca a demonstrar algum entusiasmo pelo facto de ter concluído que a longevidade deste tipo de bateria não será um inconveniente. “Até agora, a expectativa era que a vida útil da bateria seria mais curta. No entanto, os recentes avanços tecnológicos da Toyota superaram este desafio e a empresa mudou o seu foco para a produção em série das baterias de estado sólido”, refere a marca. Segundo a mesma, a primeira bateria de estado sólido a lançar comercialmente deverá ser capaz de ir de 10 a 80% da sua capacidade em 10 minutos ou menos em carga rápida.

Fonte: Toyota

Baterias de estado líquido. O que esperar?

Ao mesmo tempo em que não desiste das baterias de estado sólido, por representarem um enorme ganho em termos de volume, ou seja, serem mais compactas e simultaneamente menos propensas a incêndios, a Toyota concentra-se no que é mais imediato: o desenvolvimento das baterias de electrólito líquido.

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Com esta tecnologia, há que esperar três tipos de baterias. A oferta arrancará em 2026 com um acumulador denominado “Performance Li-Ion”, do qual se esperam “mais de 800 km de autonomia quando combinado com aerodinâmica aprimorada e peso reduzido do veículo”. Segundo a marca, este tipo de bateria vai conseguir ir de 10 a 80% da sua capacidade em menos 20 minutos num posto de carga rápida, sem que a marca especifique a potência em DC. Ainda segundo a Toyota, a introdução da Performance Li-Ion representará uma redução de 20% no custo, face ao bZ4X.

Em simultâneo ou o mais tardar um ano depois, em 2027, é altura de os consumidores terem como opção baterias com uma outra química e ainda mais baratas. São as chamadas “Popularisation”, acumuladores que recorrem a fosfato de ferro-lítio (LiFePO) para baixar custos. E a redução pode chegar aos 40% face ao actual bZ4X, com ganhos de 20% no alcance entre visitas a um ponto de carregamento. Quanto à carga rápida, demora um pouco mais (10 a 80% em meia hora ou menos).

Em 2027/2028, a Toyota espera colocar no mercado baterias de alto desempenho (High Performance), as quais vão combinar a tecnologia bipolar da marca com iões de lítio e “cátodo de alto níquel”, para oferecer uma autonomia superior a 1000 km. Com a dupla vantagem de, em relação às baterias Performance Li-Ion, o alcance subir e os custos baixarem 10%.

Achatar em prol da autonomia

Os japoneses acreditam que o caminho para extrair maior eficiência do pack de baterias passa por achatá-lo. “Se a altura da bateria puder ser reduzida, obviamente a altura total do veículo pode ser reduzida, o coeficiente de arrasto multiplicado pela área frontal (CdA) pode ser melhorado e a autonomia global pode ser aumentada”, defende a Toyota. Neste sentido, a marca pretende passar dos 15 cm de altura que possui o pack do bZ4x para 12 ou mesmo 10 cm, nos desportivos eléctricos, em que o (baixo) centro de gravidade é decisivo para um comportamento mais eficaz.