O primeiro dérbi de Madrid da temporada colocava frente a frente um Atlético vindo de dois jogos seguidos sem vencer e um Real que esta época ainda não conheceu outro resultado que não o triunfo. No Wanda Metropolitano e num domingo logo depois do arranque da fase de grupos da Liga dos Campeões, a equipa de Diego Simeone recebia o conjunto de Carlo Ancelotti — com o Barcelona sentado no sofá, na liderança provisória da liga espanhola, à espera de pontos perdidos pelos dois lados.

Depois de perder com o Valencia na última jornada e de empatar com a Lazio na jornada inaugural da Liga dos Campeões, o Atl. Madrid recebia o Real Madrid com a ideia clara de que uma vitória no dérbi podia ajudar a encarreirar uma temporada em que ainda não demonstrou consistência. Fora de campo, a semana trouxe uma entrevista de Héctor Herrera, antigo médio do FC Porto e também dos colchoneros, onde o mexicano sublinhou que trabalhar com Diego Simeone tem as suas particularidades.

“Queixei-me dele, muitas vezes, mas agora compreendo-o. Ele dizia que quando queremos jogar queixamo-nos de tudo, reclamamos sobre tudo. Agora guardo tudo o que me disse e tudo o que nos ensinou sobre a sua forma de jogar, de muitos podem gostar e outros nem tanto. Quando lá estive, aprendi muitas coisas que ainda não tinha. Aprendi-as inconscientemente, porque era um hábito diário que depois fica connosco. Agora faço muitas coisas que aprendi lá e que acho que me fazem jogar melhor. A experiência faz com que vejamos as coisas de forma diferente”, explicou Herrera, que saiu no ano passado para os norte-americanos do Houston Dynamo.

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Do lado do Real Madrid, os merengues arrancaram uma vitória difícil contra o Union Berlin na Liga dos Campeões, conquistada apenas nos descontos e com um golo solitário de Jude Bellingham, e precisavam de vencer o Atl. Madrid para garantir a manutenção da liderança isolada com mais dois pontos do que o Barcelona e o Girona. Na antecâmara do dérbi, Carlo Ancelotti garantia que os jogadores estavam mais entusiasmados do que nervosos.

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“O dérbi é uma grande oportunidade para ganhar ânimo, independentemente do momento em que se está. São sempre jogos especiais. São as duas grandes equipas da capital e existe muita qualidade. São sempre jogos muito intensos, ótimos de ver. Não acho que a derrota do Atl. Madrid contra o Valencia vá ter muita influência no jogo. Eles jogaram bem contra a Lazio e agora é um jogo diferente. Estamos entusiasmados e com vontade, concentrados num confronto contra um adversário muito bom”, atirou o treinador italiano.

Assim, Simeone lançava o ex-Gil Vicente Samuel Lino no onze inicial, com Griezmann e Morata a surgirem no ataque e Marcos Llorente, Koke e Saúl no meio-campo, sendo que Depay, Correa e Witsel estavam todos no banco. Já Ancelotti tinha Rodrygo no setor mais ofensivo, com Fede Valverde a conquistar a titularidade em conjunto com Modric, Bellingham e Camavinga e Tchouaméni e Joselu a começarem ambos na condição de suplentes. Vinícius voltava a ser baixa — não pela lesão recente, de que entretanto já recuperou, mas devido a uma gastroenterite.

O Atl. Madrid abriu o marcador muito cedo, com Morata a aparecer a cabecear nas costas de Alaba depois de um bom cruzamento de Samuel Lino na esquerda (4′), e aumentou a vantagem ainda nos 20 minutos iniciais com Griezmann a marcar também de cabeça após passe de Saúl (18′). Ainda antes do intervalo, Kroos reduziu a desvantagem dos merengues com um grande pontapé de fora de área (35′) e relançou a partida, que chegou ao fim da primeira parte com um ascendente claro do Real Madrid mas uma eficácia muito acima da média por parte dos colchoneros.

Ambos os treinadores mexeram logo ao intervalo, com Simeone a trocar Koke por Witsel e Ancelotti a lançar Joselu no lugar de Modric, mas voltou a ser o Atl. Madrid a marcar logo nos instantes iniciais. Saúl voltou a cruzar na esquerda e Morata, novamente de cabeça, não deu hipótese a Kepa e bisou para aumentar a vantagem da equipa da casa (46′). O treinador merengue voltou a fazer substituições à passagem da hora de jogo, lançando Tchouaméni, Nacho e Mendy, mas não existiram efeitos práticos e os colchoneros foram controlando as ocorrências com a cedência calculada da posse de bola ao adversário.

No fim, o Atl. Madrid venceu o Real Madrid e conquistou o primeiro dérbi da temporada, com os merengues a perderem a liderança isolada da liga espanhola — que é agora conduzida pelo Barcelona e o Girona, que têm mais um ponto do que a equipa de Carlo Ancelotti.