O sucesso de um par de sapatilhas, normalmente, mede-se na quantidade de exemplares que são vendidos ou através do lucro que uma determinada marca consegue ao longo do processo de comercialização. Neste caso, foi diferente. As Adizero Adios Pro Evo 1 também passaram pelo escrutínio dos resultados desportivos. Foi com este modelo que a etíope Tigist Assefa registou um novo recorde mundial da maratona (2.11:53, menos sensivelmente dois minutos em relação à marca anterior), em Berlim, e muito se deveu ao que calçou.

Antes de disponibilizar ao público em geral o novo modelo, a Adidas distribuiu por alguns dos seus atletas o seu novo lançamento. Nenhuma estratégia de publicidade podia ter sido melhor desenhada pela marca alemã do que o resultado que Tigist Assefa ainda que a atleta de 26 anos tenha dado crédito “ao trabalho duro ao longo do último ano” e não às supracitadas sapatilhas. Para a corredora, o calçado funcionou como um autêntico par de asas, ainda que tenha levantado o debate em reação ao doping tecnológico por se tratar da influência de um elemento externo no desempenho desportivo. Mais: como explica o ABC, existe uma corrida frenética entre as principais marcas como Adidas, Nike, Puma e outras pelo “modelo perfeito”.

Apesar de tudo, as sapatilhas que Tigist Assefa usou na maratona de Berlim são mesmo algo nunca antes visto e têm como objetivo maximizar o rendimento de quem as calça. Ainda assim, para quem só corre por lazer à beira do rio durante as folgas, existem melhores opções, pelo menos, a nível financeiro, pois as Adizero Adios Pro Evo 1 custam 500 euros e têm um tempo de vida que não vai além da distância de uma maratona.

As sapatilhas estão desenhadas para aumentarem o impulso na passada dos atletas (espécie de efeito trampolim), o que permite conservar a energia e manter o ritmo de corrida de atletas de média e longa distância. Além disso, as sapatilhas são translúcidas na parte de cima, o que permite reduzir o peso das mesmas para 138 gramas. Segundo a Adidas, significa que este modelo de corrida é 40% mais leve do que qualquer outro. “Ainda há o suporte estrutural, bem como espuma nas áreas principais, como a gola do calcanhar e a estrutura à volta redor do calcanhar para o prender”, acrescentou Moritz Hoellmueller, vice-presidente de design da Adidas, à Runner’s World.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No entanto, o motivo do reduzido tempo de vida em condições ideias deve-se à parte de baixo. A sola extremamente fina e lisa (sem perder tração) integra uma lâmina de carbono que se desgasta rapidamente com o passar do quilómetros – como acontece, por exemplo, com os pneus da Fórmula 1 – e impede que voltem a ser utilizadas.

As críticas incidem na forma como os recordes atuais são comparados com os recordes mais antigos, altura em que a tecnologia ainda não estava tão desenvolvida. “Uma forma de grandeza é o estabelecimento de recordes e isso está a ser desvalorizado”, analisou o antigo atleta Tim Hutchings ao The Telegraph. “A tecnologia do calçado devia ter sido melhor regulada e devia-se reconhecer formalmente uma nova era”, disse o canadiano antes de considerar que os preços das sapatilhas se estão a “tornar ridículos”. Quem tiver ficado com vontade de comprar as Adizero Adios Pro Evo 1, vai ter que esperar visto que esgotaram no dia em que a Adidas as lançou.