O líder do parlamento do Canadá, Anthony Rota, demitiu-se esta terça-feira, após ter convidado um veterano ucraniano que combatem com os nazis para participar na cerimónia de receção de Volodymyr Zelensky na passada sexta-feira, 22 de setembro.

Yaroslav Hunka, um homem de 98 anos com dupla nacionalidade — ucraniana e canadiana –, foi descrito por Rota como um “herói ucraniano, um herói canadiano”, recebendo ovações de pé de quem assistia. Entre os que aplaudiram, contavam-se os do primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, e do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

Parlamento do Canadá homenageou soldado ucraniano que combateu com nazis. Depois, pediu desculpa

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O parlamento do Canadá já tinha vindo pedir desculpas por ovacionar um veterano que combateu com nazis na II Guerra Mundial, mas o lamento não foi suficiente para a opinião pública e responsáveis políticos canadenses que continuaram a exigir a demissão de Rota.

O principal responsável pelo órgão legislativo renunciou ao cargo depois de várias associações judaicas terem apontado que o homenageado tinha integrado a Waffen SS (força militar do partido nazi de Adolf Hitler), entre 1943 e 1945. Hunka havia, afinal, combatido ao lado dos nazis contra as tropas da União Soviética, numa unidade de voluntários ucranianos.

Esta associação de militares ucranianos com a extrema-direita é comum e tem sido utilizada como argumento por Moscovo para legitimar a invasão da Ucrânia. Vladimir Putin tem acusado, sem provas, o Governo ucraniano e Zelensky, de serem “neo-nazis”.

Na manhã desta terça-feira, a ministra das Relações Exteriores do Canadá, Melanie Joly, classificou o episódio no parlamento canadense como “profundamente inaceitável” e “embaraçoso”, cita o The Guardian. O líder conservador, Pierre Poilievr aproveitou para criticar Justin Trudeau pelo fiasco, dizendo que o primeiro-ministro “trouxe vergonha ao Canadá” após o fracasso do governo por ter homenageado um nazi.

Aos deputados, depois de anunciar a renúncia, Rota assegurou: “Esta casa está acima de qualquer um de nós.” Antes, já tinha garantido que só depois da cerimónia tomou conhecimento das ligações que o convidado tinha ao exército nazi, informação que que o levou a arrepender-se da decisão de convidar o homem de 98 anos. “Quero estender as minhas mais profundas desculpas às comunidades judaicas no Canadá e em todo o mundo. Aceito total responsabilidade pela minha ação”, assegurou ainda.