Um troço da muralha medieval de Évora, com uma extensão de cerca de 100 metros, vai ser alvo de uma intervenção urgente para impedir o agravamento de fissuras e uma eventual derrocada, anunciou esta quarta-feira a câmara municipal.

O presidente do município, Carlos Pinto de Sá, indicou à agência Lusa que a empreitada, adjudicada a uma empresa especialista em intervenções de restauro em património classificado, já arrancou com a montagem do estaleiro.

“Detetámos uma fissura na muralha, foi feita uma avaliação e os avaliadores concluíram que há necessidade de fazer uma intervenção”, salientou, sublinhando que se trata de uma obra “muito delicada que teve de ser preparada”.

Segundo o autarca alentejano, o risco de derrocada deste troço da muralha “não era imediato”, mas, por haver esse perigo, a câmara municipal considerou que “era necessário intervir com alguma urgência”.

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O troço em causa localiza-se na Avenida de Lisboa, nomeadamente num cunhal nas proximidades da porta que conecta a Rua dos Penedos com esta artéria da cidade.

Quanto ao calendário da obra, Pinto de Sá referiu que é difícil apontar uma data concreta para a sua conclusão, frisando que a intervenção na estrutura vai decorrer “forçosamente nos próximos dois ou três meses”.

Na informação enviada à Lusa, a Câmara de Évora realçou que esta intervenção se realiza no âmbito do Programa de Conservação e Reabilitação da Muralha e visa “impedir o agravamento das fissuras existentes e a sua eventual derrocada”.

“A degradação da estrutura deve-se à erosão natural, com algumas zonas a ficarem progressivamente mais fragilizadas”, explicou.

De acordo com a autarquia, estes trabalhos seguem-se aos estudos arqueológicos efetuados no interior da muralha para averiguar a extensão total das fissuras e à aplicação de selos em gesso para averiguar a movimentação do pano de muralha.

Nas declarações à Lusa, o presidente do município reconheceu que a estrutura apresenta outros problemas sobre os quais é preciso intervir, tanto em zonas sob jurisdição da autarquia como de outras entidades públicas e particulares. “Temos estado a falar com a entidade que têm essa responsabilidade”, acrescentou.

Com mais de cinco quilómetros, a muralha medieval de Évora, também conhecida como cerca nova e construída nos séculos XIV e XV, está classificada como Monumento Nacional e integra o centro histórico da cidade, inscrito como Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).