Joaquim Sousa, o cabeça de lista às regionais da Madeira que acabou afastado e substituído por Mónica Freitas, acusa Inês Sousa Real de ter transformado o partido numa “PAN S.A”, de afastar aqueles que não concordam com a atual liderança e compara até a líder do PAN com André Ventura, notando que nos últimos tempos os “procedimentos de Inês Sousa Real e do Chega são muito parecidos”.

Joaquim Sousa: “PAN foi substituído por PAN S.A., sociedade anónima de Sousa Real”

“A líder do PAN, neste momento, considera que o PAN é ela”, disse o até agora porta-voz do PAN/Madeira, que a direção do PAN vai propor a suspensão imediata de funções e a expulsão. Em declarações ao Observador, Joaquim Sousa garante que o que está em causa é uma “perseguição de quem não se calou perante as situações erráticas que o partido tem tomado e completamente ilegais à luz dos estatutos”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O dirigente do PAN considera que Sousa Real é uma “porta-voz que intervém, mexe, remexe e altera tudo o que quer em função dos seus princípios para transformar o PAN num partido desnecessário da democracia portuguesa”. E explicou que o PAN foi criado “para fazer diferente” e que se está a “transformar num partido oco, de cariz animalista excessivo”.

“O PAN (Pessoas, Animais e Natureza) desapareceu e é substituído pelo PAN S.A., que é uma sociedade anónima de Inês Sousa Real e daqueles com quem ela simpatiza, aqueles com quem não simpatiza corta, numa lógica de purgas estalinistas“, atirou Joaquim Sousa.

Aos olhos do porta-voz do PAN/Madeira, que não foi às reuniões de negociação com Miguel Albuquerque, estranha a aliança com um “partido que representa tudo o [que é] contrário ao que o PAN” defende. Joaquim Sousa acredita que Inês Sousa Real só chegou a um entendimento na Madeira porque quer ter “acesso a um poder que anseia e desespera” e acusa-a de se aproximar da “direita ou da esquerda” dependendo dos objetivos.

Para Joaquim Sousa, a sua expulsão, caso se torne real, apenas “representa aquilo que Sousa Real é”. E, neste sentido, compara a líder do PAN ao presidente do Chega. “Os procedimentos de Inês Sousa Real e do Chega são realmente muito parecidos, tão parecidos que também têm problemas com o Tribunal Constitucional e com os estatutos. Quem discorda de André Ventura, normalmente é afastado. Quem discorda de Inês Sousa Real, naturalmente é afastado”, resumiu.

Esta quinta-feira, a direção do PAN disse à agência Lusa que vai propor a suspensão imediata de funções e a expulsão do porta-voz regional, Joaquim Sousa, na reunião da Comissão Política Nacional.

“A proposta por parte da direção será nesse sentido, de suspensão imediata das suas funções e a aplicação de pena máxima de expulsão do partido, porque é inaceitável e constitui uma infração muito grave que alguém com responsabilidades políticas, independentemente de poder concordar ou não com a decisão que os órgãos tomaram da substituição da lista, tenha andado a apelar publicamente à não votação no seu próprio partido e inclusivamente andado a negociar e em conversações com outras forças políticas”, indicou.

Eutanásia, sexualidade com religião e críticas a Jardim. As polémicas reflexões da nova aliada de Albuquerque na Madeira