Os republicanos da linha dura rejeitaram esta sexta-feira a proposta apresentada na câmara dos representantes pelo líder do próprio partido para autorizar um financiamento temporário ao governo federal  americano. Esta recusa torna quase certo o encerramento parcial das agências federais já a partir de domingo, refere a Reuters que adianta também que haverá uma nova votação este sábado para tentar ultrapassar o bloqueio.

O cenário do shutdown (encerramento dos serviços não essenciais da administração federal) tem-se repetido nos Estados Unidos, fruto da divisão do controlo do senado e do congresso entre democratas e republicanos sobre o novo orçamento anual do país. Desta vez a divisão está na câmara baixa do Congresso, controlado pelo Partido Republicano cuja liderança de Kevin MacCarthy está refém de uma minoria radical. Esta minoria, que se apoia em Donald Trump, não parece disposta nem sequer a estender temporariamente a autorização para a realização de despesa.

A Casa Branca, escreve o El País, já tem preparado um plano de contingência para lidar com o encerramento dos serviços federais que é considerado já inevitável a não ser que aconteça uma viragem de última hora.

O shutdown significa que apenas os serviços considerados essenciais são assegurados, o que terá como consequência a suspensão do pagamento de salários a cerca de um milhão e meio de funcionários de agências federais que têm duas opções: ou ficam em casa ou desempenham as suas funções sem receber. Entre os serviços em causa estão a assistência a crianças desfavorecidas, inspeções, autorizações, subsídios e várias políticas.

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O acesso aos monumentos, museus e parques nacionais que dependem do governo federal estão entre os que podem fechar as portas. A paragem da administração também afeta a produção de estatísticas de emprego e inflação que são cruciais para a Reserva Federal americana tomar decisões sobre a subida dos juros.

“Se a câmara não cumpre a sua função mais básica, e senão financiar o Governo, está a falhar a todos os nossos militares”, avisou na sexta-feira o presidente Joe Biden num ato público com militares.

O líder republicano do Congresso tinha feito um acordo com Biden para suspender o teto da dívida pública — o instrumento que nos Estados Unidos define o montante de despesa do Estado. Esse acordo implicava  cortes moderados nos gastos públicos que deviam agora ser concretizados. No entanto, os republicanos radicais estão contra o acordo e exigem cortes muitos maiores. Os cerca de 20 congressistas radicais funcionam como uma minoria de bloqueio no Congresso onde os Republicanos têm 222 votos contra 212 dos democratas.