Parecia que estava escrito. Tinha de ser ele, tinha de ser dali, tinha de vir dos pés de Bruma. O último minuto de um jogo da fase de grupos da Liga dos Campeões tolda a capacidade de raciocínio de qualquer jogador. O encontro está a acabar, qualquer detalhe conta, há sempre uma procura de um herói que possa decidir aquilo que todos os outros não conseguiram. Foi isso que passou pela cabeça de Castro quando recebeu aquela bola fora da área descaído sobre a direita. Dali, naquela altura, era rematar ou rematar. O Sp. Braga foi feliz, mas fez por merecer essa felicidade pela destreza que teve em ver o Union Berlim ameaçar por mais do que uma vez o 3-2 num Estádio Olímpico cheio com um ambiente incrível e arriscar algo mais. Assim, fez história.

Uma raquetada de Castro para a história que quebrou o jogo de passing shots de Becker (a crónica do Union Berlim-Sp. Braga)

Ao virar uma desvantagem de 2-0 para uma vitória por 3-2 no quarto e último minuto de descontos, a equipa minhota tornou-se o primeiro clube português a conseguir uma reviravolta na Champions depois de ter estado a perder por dois golos, sendo apenas o sexto conjunto na história a bater uma formação alemã em território germânico recuperado desse atraso e também o primeiro português a fazer isso este século. Por tudo isso, Castro, que levava cerca de meia hora de jogo na presente temporada, acabou por ser o nome mais saudado nas reações dos arsenalistas após o encontro que quebrou o jejum sem vitórias na Champions.

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“De facto é uma vitória magnífica. Aquilo que fizemos, tínhamos estrategicamente planeado e montado e conseguimos pôr em prática desde o primeiro minuto. Fomos capazes de ir atrás e conquistar um resultado que queríamos retirar daqui. Louvo o desempenho da equipa, perante um adversário muito difícil. Fizeram tudo o que lhes foi pedido. Com um estádio a vibrar desde o primeiro minuto, quem não se sente feliz? Eu sinto-me muito bem e ganhando melhor ainda. Poderia pensar que, com 2-0, estaria pior mas encontrámos forças para superarmos as adversidades e fazermos o que tínhamos planeado antes do jogo. A reviravolta só foi possível graças ao espírito da equipa, que foi excecional”, destacou o técnico Artur Jorge.

“É um sentimento de alegria, todos no grupo merecíamos. Procurámos e conseguimos. É um sentimento que não dá para explicar. Agora é descansar e pensar no próximo jogo. Este é o bonito do futebol. Na jornada passada não fomos felizes, hoje sim e com um golo do Castro, um jogador que merece tanto isto. Trabalha imenso para estar connosco e hoje foi muito feliz. Ficámos felizes e emocionados por ele”, referiu o guarda-redes Matheus. “É sempre importante ganhar. Foi um jogo equilibrado, mas fomos superiores e controlámos, apesar de termos cometido erros pelos quais pagámos caro. Conseguimos reagir muito bem na segunda parte, chegar ao empate e depois à vitória com o golo do Castro. Quero dar os parabéns à equipa e também ao Castro, por tudo o que tem trabalhado, mesmo sem estar a jogar muito. Dá sempre o máximo, hoje fê-lo também e deu-nos a vitória”, salientou João Moutinho também à Eleven Sports.

“Foi muito bom, foi uma vitória muito importante para nós. Queríamos muito ganhar este jogo. Sabemos que são jogos de grande qualidade, de muita entrega. Sofremos dois golos por falhas de concentração que não podem acontecer nesta competição. Falámos ao intervalo, sabíamos que podíamos virar o jogo e foi isso que fizemos, com muita crença. Perdemos o primeiro jogo no final, agora ganhámos a acabar e é este o espírito que temos de ter nesta competição. Intervalo? Apesar de estarmos a perder por 2-1 ao intervalo, tínhamos o sentimento de que podíamos sair daqui com a vitória. Pelas estatísticas, estávamos melhor em quase tudo e era essa a mensagem, de que podíamos virar o resultado”, frisou ainda Ricardo Horta.