O PCP considerou esta quarta-feira que o desaproveitamento do Aeroporto de Beja resulta “da falta de vontade política”, manifestando concordância com as propostas reveladas esta semana pela comissão técnica para o estudo da expansão aeroportuária de Lisboa.

No estudo, disponibilizado na segunda-feira, a Comissão Técnica Independente (CTI) propôs, entre outras medidas para melhorar as condições operacionais do Aeroporto de Lisboa no curto prazo, o redirecionamento do tráfego ‘charter’ não regular para Beja.

Para a Direção Regional do Alentejo (DRA) do PCP, em comunicado enviado à agência Lusa, as considerações da CTI vão “de encontro às posições” que o partido “há muito defende para esta importante infraestrutura”.

Considerando que o novo Aeroporto de Lisboa deve ser construído “nos terrenos do Campo de Tiro de Alcochete”, os comunistas defenderam que “a importância do Aeroporto de Beja reside no facto de este poder ser uma importante infraestrutura de um sistema aeroportuário nacional, funcionando em articulação com os aeroportos de Lisboa e Faro”.

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Neste âmbito, segundo o PCP, o aeroporto alentejano deve estar “vocacionado para transporte aéreo de passageiros de natureza turística e de lazer, ou de atividade económica regional”.

O Aeroporto de Beja deve também ser utilizado para “o transporte de mercadorias, para a atividade de manutenção de aeronaves e para servir toda a região Alentejo, parte da Extremadura e Andaluzia espanholas e o Algarve”, lê-se no comunicado.

Por isso, continuou a DRA comunista, “o desaproveitamento que até agora tem existido do Aeroporto de Beja não resulta das suas características, […] mas sim da falta de vontade política e de investimento por parte de sucessivos governos em infraestruturas associadas ao seu aproveitamento”.

É o caso gritante da necessidade de uma rede ferroviária e rodoviária adequada para servir o aeroporto e, sobretudo, os legítimos interesses das populações do Alentejo no desenvolvimento da região”, reforçou.

No comunicado, o PCP disse ainda ser “premente para a região Alentejo, para a cidade de Beja e para o país, aproveitar todas as potencialidades do Aeroporto de Beja“.

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Este desiderato terá tudo a ganhar e será tão mais possível e rápido quanto se concretize a exigência da devolução da ANA [Aeroportos de Portugal] ao Estado, para que esta esteja ao serviço do país e do desenvolvimento e não dos lucros da Vinci”, frisou.

Os comunistas defenderam ainda a “imediata suspensão do processo de privatização da TAP, mantendo-a como uma empresa pública de transporte aéreo ao serviço do povo e do país”.

Além de propor o redirecionamento do tráfego charter não regular para Beja, o estudo da CTI sugere igualmente “a consideração de um novo terminal (T3) e novas placas de estacionamento na zona do AT1”, ou seja, do Aeródromo de Trânsito Militar n.º1 (Figo Maduro).

A CTI estima que toda a intervenção neste âmbito possa custar 243,5 milhões de euros, mas aponta valores finais para um estudo prévio.

Outra medida destacada pela comissão é a redefinição das regras de atribuição de slots aeroportuários (faixas horárias para descolar e aterrar).

Estas propostas de curto prazo surgem depois de, em 27 de abril, a comissão técnica ter anunciado nove opções possíveis para o novo Aeroporto de Lisboa, que incluem as cinco definidas pelo Governo mais Portela + Alcochete, Portela + Pegões, Rio Frio + Poceirão e Pegões.

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