Um estudo sobre a viabilidade das ligações entre Caminha e A Guarda, na Galiza, Espanha, sustenta que a opção por um ferryboat elétrico não pode ser descartada no curto/médio prazo, “mesmo no caso hipotético de se estudar uma ponte”.

O documento, a que a Lusa teve acesso, teve como promotor o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho e foi elaborado por um gabinete de arquitetura de Espanha, para a deputación de Pontevedra e a Câmara de Caminha, numa altura em que este é o único concelho do Vale do Minho sem ligação à Galiza, devido ao assoreamento que impede a circulação do ferryboat Santa Rita de Cássia.

Mesmo no pressuposto de que se optasse por uma solução tipo ponte, há que ter presente que, para a sua materialização, seriam necessários 15 a 20 anos, pelo que seria de manter a ligação por ferry elétrico”, refere o estudo de pré-viabilidade do reforço de ligações entre aquelas duas localidades.

No documento que “descarta” a ligação através de um túnel ou de um aerodeslizador (hovercraft), assinala-se que “todas as análises e conclusões se circunscrevem ao âmbito da pré-viabilidade, pelo que devem entender-se como uma primeira aproximação”.

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Relativamente à construção de novas pontes sobre o rio Minho, o estudo alerta que, tratando-se de uma análise de pré-viabilidade, é possível “descartar opções” mas não “garantir a viabilidade das soluções que não se descartam”.

Assim, foram analisadas três travessias sobre o rio Minho e duas “descartadas”.

A hipótese que necessitaria de mais estudos é a ponte entre Seixas e São Sebastião, no lado português, e a ilha Morraceira do Grilo e A Gândara, do lado galego.

De acordo com os especialistas, este trajeto teria de ser submetido “a um estudo de viabilidade em profundidade, já que apresenta aspetos que merecem atenção, como os impactos no meio ambiente“, nomeadamente no rio, nas suas margens e na estrada PO 552, onde seria previsível um “aumento de tráfego numa zona habitada”.

Seriam ainda necessárias “novas análises para a confirmação, ou não, da viabilidade técnica”, bem como para “aproximar-se dos seus custos”, que o estudo estima em pelo menos 80 milhões de euros.

Os autores assinalam que o volume de tráfego que pode prever-se em qualquer das travessias “é reduzido e dificilmente pode justificar o elevado custo da infraestrutura“.

Para além disso, “o impacto ambiental, em qualquer das três hipóteses, é muito elevado, pelo que a viabilidade desde ponto de vista é duvidosa”.

Quanto ao ferryboat, o estudo recomenda um “totalmente elétrico”, com “o menor calado possível”, sendo que a instalação de postos de carga elétrica nos dois portos “pode permitir aligeirar o peso das baterias, com o que isso implica na diminuição do calado”.

O ferry devia estar apto para viajantes (50/70), veículos ligeiros (5/6) e uma ou, no máximo, duas, autocaravanas. Não se considera necessário que contemple veículos pesados”, refere o documento, acrescentando que “o serviço principal e, possivelmente, único devia ser de ligação entre os portos de Caminha e A Pasaxe”.

Por outro lado, “é muito recomendável que se chegue a um acordo com as entidades competentes para que se estabeleçam critérios para a dragagem do canal”.

Quanto ao túnel, uma “análise sumária da topografia da zona permite concluir que não é uma solução recomendável e, inclusive, tem duvidosa viabilidade técnica”, para além do “elevado custo de construção, exploração e manutenção” e “elevados impactos ambientais”.

Os hovercrafts têm um “alto consumo de combustível” e “a emissão de gases para a atmosfera será previsivelmente alta”.

Atualmente, há cinco pontes sobre o rio Minho a ligar o distrito de Viana do Castelo à Galiza, sendo que Caminha é único concelho do vale do Minho que depende do transporte fluvial para garantir a ligação à Galiza.