Era uma daquelas noites talhadas para engrandecer a gigante dimensão que Cristiano Ronaldo construiu e consolidou no futebol mundial, um erro defensivo da Eslováquia com uma grande penalidade desnecessária ajudou ainda mais à festa. O avançado português voltou a ser homenageado pelos 200 encontros feitos por Portugal, marca cumprida na vitória na Islândia pela margem mínima com um golo do número 7 em cima do minuto 90, com uma tarja gigante numa das bancadas com a sigla CR200 e ainda a entrega de uma placa comemorativa pelo presidente da Federação, Fernando Gomes, que já antes tinha oferecido ao jogador as camisolas do jogo 1 e 200 pela principal formação nacional. No entanto, o melhor estava para vir.

Até de barco Cristiano levava ao Euro uma seleção que rema toda para o mesmo lado (a crónica do Portugal-Eslováquia)

Com a família num dos camarotes do Estádio do Dragão, que voltou a render uma enorme salva de palmas ao capitão da Seleção (como tinha acontecido com a Macedónia do Norte em março de 2022, na partida em que Portugal garantiu a presença no Campeonato do Mundo do Qatar), Cristiano Ronaldo marcou mais dois golos frente à Eslováquia, incluindo o decisivo 3-1, e voltou a emocionar o clã mais próximo, sobretudo Dolores Aveiro, a mãe, que assistia à partida ao pé de Georgina Rodríguez e do filho mais velho do jogador, Cristianinho (que levou a camisola do Sporting com que o pai fez a temporada de 2002/03 em Alvalade).

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Com mais um bis , Ronaldo chegou aos 125 golos por Portugal e aos 857 golos na carreira, sendo que 18% do total dos golos do avançado foram através da marcação de grandes penalidades (157 em 856 golos). Ainda segundo os dados do Playmakerstats, 19 dos 124 golos pela Seleção foram de penálti, neste caso numa percentagem de 15%. Em termos globais nesta qualificação, o português melhorou a média de um golo por partida que tem no Al Nassr em 2023/24 (17 golos em 17 jogos), com sete golos em seis encontros realizados desde que Roberto Martínez assumiu o comando técnico da equipa. Como já é habitual, o número 7 isolou-se também outra vez como o melhor marcador do conjunto nacional nesta fase de qualificação.

Contas feitas, entre 2004 e 2023, Ronaldo marcou 74 golos em 88 jogos realizados a contar para fases de apuramento para Campeonatos do Mundo e da Europa. Com isso, prepara-se para bater mais recordes na Alemanha, país que recebe entre junho e julho a fase final do próximo Europeu: além de ser também aqui o melhor marcador de sempre em fases finais da competição, tendo superado Michel Platini com os cinco golos marcados na edição de 2020 (realizada em 2021), o avançado irá tornar-se o primeiro jogador de sempre a disputar seis fases finais do Europeu onde chegará com 39 anos. E pode mesmo não ficar por aí.

De acordo com a imprensa saudita, Cristiano Ronaldo terá abordado os dirigentes do Al Nassr para fazer um novo contrato com a equipa válido até ao início de 2027. Razão? A ambição de poder ainda estar no próximo Mundial que se vai realizar entre EUA, México e Canadá em 2026, altura em que já terá 41 anos. Também aqui, seria recorde. Mais um entre os muitos que o próprio deixou de contar mas não deixa de trabalhar para lá chegar como diz a mítica frase que eternizou: “Não procuro recordes, eles é que me procuram”. E com mais uma curiosidade que mostra bem o “peso” de Ronaldo: com os 73 golos apontados depois de ter feito os 30 anos, o avançado poderia ser o melhor marcador da história de um total de 192 seleções…

“Jogámos bem, ganhámos todos os jogos, acho que desde que estou na Seleção, ou até mesmo na história da Seleção, acho que nunca tivemos uma fase de qualificação tão fácil. Não vou dizer fácil porque fomos nós que assim tornámos. Ouço muitas pessoas a dizerem: ‘Ah, mas isso é porque é este grupo…’ As outras fases de qualificação também eram o mesmo. Havia sempre duas ou três equipas fortes e no final tínhamos que ir buscar sempre a calculadora. Não concordo com essas opiniões que se ouvem aí. Portugal qualificou-se porque jogou bem, tem uma excelente equipa, um excelente treinador e merecíamos passar. Sexto Europeu? Espero bem lá estar, ainda falta bastante tempo. Espero bem não ter problemas. Quando digo problemas estou a falar de ter lesões ou algum outro problema. Prazo de validade? As pessoas dizem que vou jogar até aos 40 ou 41 anos, eu não meto essas metas. É desfrutar do momento, que é bom. Sinto-me bem. O corpo está a corresponder aquilo que eu lhe tenho dado nos últimos anos. Estou feliz tanto no meu clube, como na Seleção. Tenho feito bastantes golos, sinto-me bem fisicamente…”, comentou na zona mista.

“A conversa que eu tive com o senhor presidente do FC Porto foi ele fazer-me um desafio que tinha que chegar ao 1.000 golos. Houve ali uma fase engraçada. Eu acho que vai ser bastante difícil, mas é como eu disse, é preciso ver como vou estar mentalmente, a minha motivação. Fisicamente, como é óbvio, que se as minhas pernas e o meu físico me tratar bem como eu o trato… Vamos ver. São pequenas etapas que me motivam, mas antes de chegar aos 1.000, primeiro quero chegar aos 900. Ainda falta bastante. Eu acredito que vou chegar. Acho que os objetivos têm de ser definidos a curto prazo e não a longo prazo. Eu olho para esse objetivo, os 900, de forma confiante. Para chegar aos 1.000 há muita pedra que tem de ser partida. Mas tudo é possível”, acrescentou ainda o avançado após a vitória frente à Eslováquia.

Olhando apenas para a realidade nacional, a Seleção qualificou-se com o triunfo por 3-2 com a Eslováquia para a nona fase final de um Campeonato da Europa (oitava consecutiva desde 1996) e para a 13.ª fase final seguida contando com Europeus e Mundiais, não falhando qualquer participação desde o Europeu de 2000. Ainda assim, esta acabou por ser uma qualificação à parte tendo em conta ser a mais rápida da história. Nessas participações, Portugal foi campeão em 2016 (vitória por 1-0 em França no prolongamento), chegou à final em 2004 (derrota com a Grécia na Luz por 1-0) e atingiu as meias-finais em 1984, 2000 e 2012, perdendo nas duas primeiras no prolongamento com a França e na última nos penáltis com a Espanha. Além de Portugal e da anfitriã Alemanha, também França e Bélgica já garantiram a qualificação para 2024.