A qualificação já estava garantida, o encontro com a Eslováquia foi particularmente desgastante também pela chuva que não deu tréguas em grande parte do jogo no Estádio do Dragão, a Bósnia precisava a todo o custo de uma vitória para manter o sonho de chegar ao Europeu e mostrava-se disposta a tudo para quebrar essa série de triunfos consecutivos de Portugal. Por tudo isto, a possibilidade de Cristiano Ronaldo começar como suplente a partida estava pelo menos na teoria em cima da mesa. Mais uma vez, não se concretizou. E depois de um bis frente aos eslovacos, o avançado de 38 anos somou mais dois golos quatro dias depois.

Que bom é ver este João, Feliz apenas por jogar futebol (a crónica do Bósnia-Portugal)

A “festa” começou cedo. Beneficiando de uma grande penalidade por um corte com o braço de Barisic após remate de João Félix, o jogador do Al Nassr inaugurou o marcador logo aos cinco minutos, convertendo o sexto castigo máximo consecutivo num total de 12 em 13 de eficácia nas últimas tentativas (falhou apenas com a Rep. Irlanda em 2021). Pouco depois, e na sequência de uma assistência de João Félix, Ronaldo fez o 2-0 num lance que começou por ser anulado pelo árbitro assistente mas que foi validado pelo VAR. Com isso, o número 7 igualou Romelu Lukaku como melhor marcador da qualificação com nove golos em sete encontros, sendo que o belga não terminou a partida com a Suécia em Bruxelas pelas piores razões.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Com o segundo bis consecutivo, naquele que foi o 33.º jogo por Portugal em que marcou dois ou mais golos – já antes tinha bisado diante da Bósnia, em 2011 –, o capitão da Seleção chegou aos 40 golos em 2023 (num total de 43 jogos onde fez também mais oito assistências), uma fasquia que atingiu pela 13.ª vez na carreira. Mais impressionante ainda, Ronaldo passa a ter mais golos neste ano civil do que os dois grandes goleadores até ao momento, Erling Haaland (39) e Mbappé (35). Até ao final do ano, o avançado terá ainda pelo menos mais 15 partidas pelo Al Nassr entre Liga Saudita, fase de grupos da Liga dos Campeões Asiática e Taça do Rei, além dos últimos dois encontros da qualificação da Seleção em novembro.

“Acho que no futebol internacional precisamos de tempo, sincronização, de ter jogos onde podemos jogar com clareza. A clareza que nós tivemos permite-nos jogar como equipa e a qualidade individual sai de forma muito mais fácil, com o comportamento do jogador para fazer o que a equipa precisa. Gostei muito. O Cristiano Ronaldo tem experiência máxima e precisamos de utilizar isso. Temos uma boa clareza do que precisamos de fazer para tirar o melhor de cada jogador para a equipa”, frisou Roberto Martínez.

Com mais um bis, Ronaldo chegou aos 127 golos pela Seleção e aos 859 na carreira, aproximando-se de uma fasquia que o próprio abordou após o jogo com a Eslováquia: os 900 golos. “Conversa que tive com o senhor presidente do FC Porto antes do treino? Foi ele fazer-me um desafio de que tinha que chegar ao 1.000 golos. Houve ali uma fase engraçada. Eu acho que vai ser bastante difícil, mas é como eu disse, é preciso ver como vou estar mentalmente, a minha motivação. Fisicamente, como é óbvio, que se as minhas pernas e o meu físico me tratar bem como eu o trato… Vamos ver. São pequenas etapas que me motivam, mas antes de chegar aos 1.000, primeiro quero chegar aos 900. Ainda falta bastante. Eu acredito que vou chegar. Acho que os objetivos têm de ser definidos a curto prazo e não a longo prazo. Eu olho para esse objetivo, os 900, de forma confiante. Para chegar aos 1.000 há muita pedra que tem de ser partida. Mas tudo é possível”, confidenciou Cristiano Ronaldo na zona mista do Dragão após o jogo com os eslovacos.

Recorde de jogos, de golos e de fases finais: Ronaldo chega aos 125 golos pela Seleção, vai ao sexto Europeu e não quer ficar por aí