O reinado do Dacia Spring parece estar ameaçado. E porquê? Porque acaba de entrar em cena o novo Citroën ë-C3, um adversário de respeito, que oferece mais “carro”, mais autonomia, mais potência, mais conforto e mais equipamento por pouco mais. Em concreto, hoje, dia em que a 4.ª geração do popular modelo foi revelada e abertas as reservas (para as entregas começarem em 2024), a diferença do eléctrico europeu face ao romeno que vem da China é de somente 1250€, considerando a melhor versão do Spring (65 cv e 220 km de autonomia).

Mas comparar o Citroën ë-C3 com o Dacia Spring é algo que só se justiça na perspectiva do preço, pois são ambos modelos muito distintos, com o hatchback francês a posicionar-se no segmento B, enquanto o crossover citadino da Dacia se enquadra no segmento inferior (A). Mas se o preço do ë-C3 não é a única surpresa a reter, a marca deixa desde já promessa de o baixar ainda mais, introduzindo em 2025 uma versão ainda mais barata, por 19.990€ (200 km de autonomia). E, com isto, a Citroën coloca a Stellantis de uma assentada à frente do Grupo Volkswagen, que há muito promete eléctricos mais acessíveis, abaixo dos 25.000€. Porém, ainda será preciso esperar mais dois anos, pois os “mini” EV da Skoda, Volkswagen e Cupra, que vão sair de Martorell, só estão previstos para 2025. Enquanto isso, os clientes que reservarem já o seu ë-C3, podem esperar recebê-lo na próxima Primavera.

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Ganhando pela antecipação, a Citroën deita mão àquilo que a marca diz ser uma plataforma específica para veículos a bateria, pese embora o novo C3 continue a ser proposto com motores de combustão. A base da variante 100% eléctrica que teve a primazia de estrear a 4.ª geração é a plataforma modular Smart Car que, segundo a directora de Estratégia e Produto da Citroën, Laurence Hansen, foi projectada de raiz para modelos eléctricos, mas “é suficientemente flexível para acolher grupos mecânicos de combustão interna, bem como para sustentar veículos maiores e mais pequenos, incluindo SUV”. Até agora, esta arquitectura tem estado ao serviço em mercados da América do Sul e Índia.

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Com 4,01 m de comprimento, 1,76 m de largura e 1,57 m de altura, o ë-C3 de nova geração é 19 mm mais comprido e 6 mm mais largo, o que alegadamente oferece uma maior sensação de espaço a bordo, com a marca a reivindicar um incremento do espaço para os cotovelos e para os joelhos superiores à medida do mercado em, respectivamente, 19 e 21 mm. À frente, os ocupantes usufruem de uma “subida” da posição dos bancos em 3 cm, alegadamente para oferecer uma posição de condução mais elevada, tipo SUV. Isso mesmo persegue o incremento da distância ao solo, que aumenta perto de 3 cm (salta dos anteriores 135 mm para 163 mm). Lá atrás, a bagageira anuncia 310 litros de volumetria.

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Quem optar pelo eléctrico francês pode contar com uma bateria de Fosfato de Ferro-Lítio (LFP) com 44 kWh, cuja energia impulsiona o motor de 83 kW/113 cv que acciona as rodas da frente. Uma vez esgotada a carga, o ë-C3 pode ser ligado a um posto de carga rápida, aceitando até 100 kW de potência em corrente contínua (DC), argumento que lhe permite ir de 20 a 80% da capacidade do acumulador em menos de meia hora (26 minutos). Em corrente alternada (AC), no máximo demora 4h10 a ir de 20 a 80% se a carregar a 7,4 kW, tempo que baixa para 2h50 se a carregar a 11 kW.

Quanto a prestações, não espere mais que 135 km/h de velocidade máxima, algo que até nem se pode considerar “o preço a pagar” por optar por um eléctrico acessível, pois a tendência geral é limitar o velocímetro aos 140 km/h. Para ir de 0 a 100 km/h, o cronómetro para nos 11 segundos.

Equipamento

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Nível de equipamento You

  • Faróis dianteiros LED
  • Suspensão Citroën Advanced Comfort®
  • Sistema de travagem de emergência
  • Novo sistema Citroën Head Up Display
  • Sistema My Citroën Play com Smartphone Station para infotainment
  • Espelhos retrovisores eléctricos
  • Iluminação automática
  • Radar de estacionamento traseiro
  • Spoiler traseiro
  • Cruise control
  • Ar condicionado manual
  • Seis airbags

Nível de equipamento Max (junta aos anteriores):

  • Jantes de liga leve de 17 polegadas com corte diamantado
  • Pintura bi-tom Citroën
  • Tejadilho contrastante
  • Barras de tejadilho decorativas
  • Chapas de protecção à frente e atrás
  • Ecrã táctil a cores de 10,25 polegadas com espelhamento de smartphone
  • Bancos Citroën Advanced Comfort®
  • Limpa pára-brisas automático
  • Retrovisores exteriores eléctricos e aquecidos
  • Volante em pele
  • Banco da segunda fila rebatível 60/40 e regulação do banco do condutor em altura
  • Luzes traseiras LED
  • Vidros traseiros escurecidos
  • Bancos em TEP/tecido
  • Ar condicionado automático
  • Sistema de navegação 3D
  • Carregamento sem fios
  • Câmara traseira
  • Espelho retrovisor electrocromático
  • Vidros traseiros eléctricos

Fonte: Citroën

No interior, além de muitos espaços para alojar os mais variados objectos, o ë-C3 que vai chegar aos concessionários portugueses no próximo ano oferece aquilo a que marca chama de “C-Zen Lounge”. Na prática, trata-se de uma configuração do habitáculo super clean, em que a tradicional instrumentação à frente do condutor desaparece e as informações mais relevantes para a condução passam a ser exibidas numa espécie de head-up display. “Espécie”, porque a projecção ocorre não no pára-brisas, como habitualmente acontece, mas sim numa numa secção preta brilhante entre a parte superior do painel e a parte inferior do pára-brisas. Ao centro, dependendo do nível de equipamento (You é o básico e Max o mais completo, ver infobox acima com o equipamento detalhado), ou há um suporte para o smartphone para que este se ligue ao veículo através de uma app específica, permitindo ouvir música, fazer chamadas ou navegar a partir do dispositivo, ou surge um ecrã táctil a cores de 10,5 polegadas, que é a porta de entrada para explorar o sistema de infoentretenimento do ë-C3, sendo compatível com Android Auto e Apple CarPlay.