Estava desaparecido desde dia 12 de outubro, foi encontrado morto esta segunda-feira entre duas carruagens de um comboio em Sevilha e as suspeitas vieram mesmo a confirmar-se: Álvaro Prieto, de 18 anos, morreu eletrocutado.

A autópsia foi revelada esta terça-feira, apoiando a teoria já formada pelas imagens captadas pela câmara de videovigilância da bomba de gasolina situada nas redondezas da estação de Santa Justa. O jogador espanhol dos escalões de formação do Córdoba levou um choque elétrico de cerca de 3.000 volts, após ter-se agarrado a cabos de alta tensão, enquanto estava no topo de uma carruagem de comboios.

Tal terá acontecido logo na quinta-feira, dia do seu desaparecimento, entre as 9h30 e as 9h45, confirmou o delegado do governo, Pedro Fernández, em declarações ao Canal Sur Radio y la Cadena Ser, citado pelo El País. 

O vídeo do posto de gasolina captou o momento em que o jovem, que estava sozinho, foi eletrocutado, tendo caído entre duas carruagens do comboio que estava parado desde 24 de agosto por avaria. Prieto foi encontrado apenas quatro dias depois, após um repórter do canal RTVE ter filmado sem querer as suas pernas, mostrando também as suas mãos queimadas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Fez tudo sozinho e é uma situação lamentável a que o leva a uma atitude difícil de entender neste momento. De entrar numa área restrita ao público e chegar à área da oficina, onde ocorreu a morte”, declarou Pedro Fernández.

Prieto viajou na última quarta-feira de Córdoba para Sevilha, tendo passado a noite na discoteca com amigos. Já na quinta-feira, por volta das 7h20, depois de se separar do amigo, tentou apanhar o comboio de volta a casa, mas teve problemas com o bilhete. Por isso, tentou viajar noutro clandestinamente, tendo sido apanhado e expulso pelos funcionários. De seguida, terá ficado sem bateria e tentado arranjar uma solução para regressar à cidade na Andaluzia.

Além das imagens disponibilizadas pela bomba de gasolina, as últimas em que o jovem aparece são a abandonar a estação de Santa Justa, após, alegadamente, ter-se recusado a carregar o telemóvel no local.

“Foi-lhe oferecida a possibilidade de carregar o telemóvel, mas não concordou. Não sabemos o motivo”, revelou um relatório do Centro de Atendimento Renfe, divulgado pela Europa Press, que descreveu que os funcionários terão tentado ajudar Pietro a localizar o bilhete de comboio que devia levar consigo.

“Ele foi pagar com o telemóvel e percebeu que não tinha bateria. Foi-lhe dito que, se tivesse carregador, poderia ligá-lo a qualquer tomada da estação. Mas saiu logo da sala”, acrescentou ainda, apontado que “a conversa decorreu sempre normalmente”.

Depois de ter abandonado a estação, terá sido avistado por uma testemunha, que relatou à polícia ter-se cruzado com ele na avenida Kansas City, por volta das 10h30. No entanto, assim que foi revelada a hora em que Pietro terá morrido, este testemunho caiu por terra.

O que falta ainda explicar é a forma como o jovem entrou para a linha e como subiu para o telhado do comboio, visto que este media mais de quatro metros de altura e não tinha qualquer local de apoio. A polícia já abriu uma investigação e a Administração de Infraestruturas Ferroviárias (Adif) promete colaborar com dados sobre o choque sofrido por Pietro.

A família de Pietro, que, inicialmente, achou que ele tivesse apanhado boleia fora da estação ou que tivesse sido “atropelado ou raptado” — visto que ele a contactou uma última vez por Whatsapp, a dizer que estava “a ir para a paragem”, como revela o El Mundo —, emitiu um comunicado a agradecer “o profissionalismo e a qualidade humana” da Brigada de Homicídios e Desaparecimentos da Polícia Nacional e dos restantes que ajudaram a encontrá-lo.

Também a equipa onde jogava, Córdoba CF, deixou uma mensagem a lamentar a morte do jovem. “Por desejo expresso da família, a entidade limitar-se-á a uma declaração institucional. Como clube, agradecemos a compreensão nestes momentos duros, bem como a solidariedade e o carinho recebido. Descanse em paz, Álvaro”, escreveu, num comunicado.

Esta terça-feira, todas as faculdades da universidade onde Pietro estudava fizeram um minuto de silêncio às 11 horas, a que se seguiu um proporcionada pela Câmara Municipal ao meio-dia. Também o Consistório de Córdoba decretou um dia de luto oficial.