O Norrkoping Dolphins não é propriamente o clube mais conhecido no basquetebol português. É da Suécia, tem três norte-americanos e um canadiano entre jogadores nacionais, teve uma particularidade invulgar no início da temporada ao jogar com Benfica e FC Porto em competições diferentes em menos de três semanas. Com os encarnados, na qualificação para a Liga dos Campeões, derrota por 83-73; com os azuis e brancos, na fase de grupos da FIBA Europe Cup, derrota por 79-71. Agora, o primeiro clássico da época chegava com esse ponto em comum, sendo que os dragões vinham de vitórias seguidas na Liga, na Taça Hugo dos Santos e na Europa, ao passo que as águias tinham perdido na Luz duas partidas consecutivas com a Oliveirense.

“A motivação é máxima e queremos continuar na nossa senda de vitórias, especialmente no primeiro jogo em casa para o campeonato e perante um adversário difícil. Queremos que o Dragão Arena seja a nossa fortaleza e contamos com o apoio dos nossos adeptos para que assim seja. Queremos ganhar, dar essa alegria aos adeptos e continuar o bom trabalho que temos vindo a fazer. Jogamos em casa e cabe-nos impor o nosso ritmo. O Benfica não vai querer perder três jogos seguidos, mas estamos preparados e sabemos quais são os pontos fortes deles. Temos as nossas forças e acredito que vamos fazer um bom jogo. Somos uma equipa mais atlética do que no ano passado, estamos a jogar um bom basquetebol e vimos de uma vitória difícil na Suécia. Estamos com muita energia e queremos provar isso com o Dragão Arena cheio”, destacara o base portista Miguel Maria, em declarações prestadas aos meios do clube azul e branco.

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“Todas as equipas passam por bons e maus momentos, nos outros anos também aconteceu isso e acabámos por não estar bem. Nos dois últimos jogos [com a Oliveirense] não estivemos bem também por mérito do adversário, o FC Porto vem motivado depois da vitória europeia e mentalmente com muita força. Temos de ser rigorosos a cumprir aquele que é o nosso plano de jogo, lidar bem com a capacidade 1×1 dos jogadores do FC Porto na entrada para o cesto e saber bloquear defensivamente para não dar segundas bolas, que foi algo que não aconteceu nos dois últimos jogos. Dentro da nossa filosofia de jogo, temos disciplina mas liberdade para os jogadores com maior criatividade. Este equilíbrio não é fácil mas que para nós acaba por ser determinante. Passámos de super-homens para sermos muito fracos mas sabemos o que queremos e não podemos é perder o foco daquilo que queremos”, salientara Norberto Alves, técnico do Benfica, à BTV.

Apesar desse ascendente portista e dos momentos distintos entre os dois conjuntos, esperava-se um clássico equilibrado, bem jogado e com muitos pontos – que foi tudo o que não aconteceu. Apesar da ténue reação do Benfica após o intervalo, o FC Porto foi sempre melhor em todos os aspetos de um jogo que em algumas fases se tornou incaracterístico e terminou com uma das margem mais folgadas em triunfos diante dos encarnados dos últimos anos, com uma vantagem de 17 pontos (79-62) que chegou a ser superior e com Anthony Barber a ser de novo a principal figura com 27 pontos, sete assistências e quatro ressaltos.

Apesar dos pedidos de Norberto Alves, o Benfica voltou a ter uma entrada a cometer os mesmos erros que fizera com a Oliveirense, nomeadamente nas tais segundas bolas sem bloqueio ofensivo que iam dando mais posses de bola ao FC Porto traduzidas depois em lançamentos que levaram a vantagem para os dois dígitos ainda no primeiro período (18-9), antes de uma paragem no jogo que trouxe algumas alterações à defesa dos encarnados, melhorou no plano ofensivo e fechou os dez minutos iniciais com 20-14. O segundo parcial não trouxe grandes alterações apesar de ter sido pior jogado, com Tanner Omlid a confirmar a preponderância que ganhou desde a chegada ao Dragão e elementos mais experientes como Aaron Broussard ou Betinho a tentarem segurar o disparar da desvantagem entre a desinspiração coletiva. Ainda assim, e de forma natural, os azuis e brancos chegaram na frente ao intervalo por 36-24, num avanço que poderia ser maior.

O segundo tempo, não melhorando assim tanto a qualidade apesar da entrega e da atitude das duas equipas, veio relançar o clássico com dois triplos de Toney Douglas e Ivan Almeida entre o eclipse ofensivo portista nos três minutos iniciais que colocaram de novo a diferença nos seis pontos, algo que há algum tempo não acontecia, mas o final do terceiro período (50-40) e o parcial de 9-0 a abrir o quarto e último parcial foram fatais para a reação encarnada, que não só caiu por terra como abriu caminho para o FC Porto ter vantagens acima dos 20 pontos que não eram esperadas pelo que se tinha passado até ao triunfo claro por 79-62.