O ciclone Tej atingiu a costa do Iémen na noite de segunda-feira criando sete mil desalojados, cheias e muitos estragos. O Crescente Vermelho do Iémen diz-se incapaz de chegar às pessoas atingidas por causa das inundações apelando ao envio de aviões para as retirar.

A organização diz ter trabalhado com as autoridades locais na preparação da resposta à situação e na retirada das pessoas em situação mais vulnerável, mas depois de o país ser atingido pelo ciclone Tej, deixaram de conseguir chegar às pessoas presas pelas cheias na província de Mara, junto à costa.

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Na zona do aeroporto de Al Ghaydah, capital da província de Mara, registou-se uma precipitação de 406 milímetros (ou seja, 406 litros de água por metro quadrado de área), de acordo com um projeto meteorológico da Catalunha e Andorra, Projecte 4 Estacions.

Um canal de notícias sobre condições meteorológicas da província de Hadramaute, contígua com a província de Mara, tem divulgado imagens das inundações e estragos, sobretudo nas áreas de Al Ghaydah e Haswain.

Enquanto se formava e intensificava o ciclone Tej, do lado oeste da Índia, uma outra depressão (tornada ciclone) ganhava força na costa este, na baía de Bengala. Este par de ciclones formados no norte do oceano Índico é um evento raro, mas já tinha acontecido, a última vez foi em 2018 com os ciclones Luban e Titli, lembra o jornal The Indian Express.

O ciclone Hamoon, da baía de Bengala, já está no nível severo, deverá intensificar-se para muito severo enquanto viaja para nordeste e depois abrandar quando se aproximar da costa do Bangladesh. As áreas costeiras estão sob alerta elevado.

Tej: a depressão do mar da Arábia que se tornou um ciclone extremamente severo

A área de baixa pressão estabeleceu-se no sudoeste do mar da Arábia no final do dia de quinta-feira e a depressão formou-se oficialmente nas primeiras horas da manhã do dia seguinte, a mais de 900 quilómetros do Iémen. O Departamento de Meteorologia Indiano previa, então, que se formasse um ciclone nas 24 horas seguintes e que no domingo à noite já tivesse atingido o nível de ciclone severo.

No sábado, o Departamento de Meteorologia Indiano agravou o alerta indicando que nas 24 horas seguintes (durante o dia de domingo) o ciclone severo iria tornar-se num ciclone muito severo, mas horas depois indicou que o ciclone muito severo se tinha formado e que era provável que chegasse ao nível extremo no domingo.

As autoridades no sul do Iémen declaram estado de emergência, suspenderam as aulas, avisaram as pessoas para colocarem os carros e outros bens em segurança e pediram aos pescadores para guardarem os barcos e não saírem para o mar devido à chuva intensa, ventos fortes e agitação marítima, noticiou o Arab News.

Às primeiras horas da manhã de domingo, Tej tornou-se um ciclone extremamente severo enquanto continuava a avançar na direção noroeste para a costa do Iémen e de Omã, onde se previa que chegasse esta terça-feira.

Tej passou pela ilha de Socotorá (Iémen) com chuva intensa, muitas inundações nas zonas mais baixas e estradas cobertas de água, mas, de acordo com o Arab News, sem registo de vítimas mortais.

O ciclone continuou a dirigir-se para a costa continental e já esta segunda-feira, a cerca de 240 quilómetros da costa do Iémen, Tej começou a perder intensidade (passou a muito severo), ainda assim com previsão de atingir a costa, junto à cidade de Al Ghaydah, com ventos de 125 a 135 quilómetros por hora, com rajadas que podiam chegar aos 150 quilómetros por hora.

Já na costa do Iémen, Tej fez estragos e obrigou à declaração de “área de desastre” no distrito de Haswain, a sul de Al Ghaydah, por causa das chuva e ventos fortes, que provocaram marés altas. Algumas áreas de Al Ghaydah e Haswain ficaram sem eletricidade e comunicações e muitas pessoas tiveram de ser retiradas — mais de 7.000, de acordo com uma notícia no site ArabiaWeather. Outras continuam presas sem a ajuda humanitária chegar até elas, avisa o Crescente Vermelho do Iémen.

Na manhã desta terça-feira, o ciclone Tej passou a severo e espera-se que enfraqueça ainda mais nas próximas seis horas, enquanto continua a avançar na direção noroeste por terra.