O cenário era claro, o resultado saiu o oposto. Mesmo sabendo que tinha margem de erro quase nula depois das duas derrotas iniciais na fase de grupos da Liga dos Campeões, até pelo triunfo do Inter com o Salzburgo que deixou os transalpinos com sete pontos, o Benfica voltou a perder diante da Real Sociedad e ficou com pé e meio de fora da Champions. Mais do que isso, é a única equipa que ainda não marcou qualquer golo na competição em 270 minutos, mesmo tendo feito dois dos encontros na condição de visitada.

Roger Schmidt e a equipa sem autor que teve mais uma derrota de autor (a crónica do Benfica-Real Sociedad)

É preciso recuar mais de 25 anos para encontrar uma campanha de uma formação portuguesa na fase de grupos da Liga dos Campeões com três derrotas a abrir e sem golos marcados, tal como tinha acontecido em 1997/98 com o FC Porto (que sofreu mais um golo do que a atual série dos encarnados, 0-5 e 0-4). Aliás, no caso do Benfica, há seis anos que não havia um arranque tão pouco conseguido, sendo que na temporada de 2017/18 o conjunto da Luz acabou mesmo a fase de grupos só com derrotas e com um parcial de 1-14.

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Desta forma, o Benfica a partir de agora vai tentar repetir as campanhas do Newcastle em 2002 e da Atalanta em 2019, ainda hoje as únicas duas equipas que começaram a fase de grupos da Liga dos Campeões com três derrotas seguidas mas foram ainda a tempo de garantir a qualificação para o degrau seguinte da prova. No caso dos ingleses a situação seria mais semelhante, tendo em conta que os ingleses não conseguiram também qualquer golo nesses 270 minutos iniciais de competição. Para já, e apesar dessas contas complicadas, Roger Schmidt prefere focar-se no encontro com o Casa Pia no sábado, a contar para o Campeonato, com a restante matemática da competição europeia a ficar para o regresso com uma deslocação ao País Basco.

“Jogámos contra uma equipa muito boa em boa forma. Também podemos ser boa equipa, mas hoje como equipa não estivemos ao melhor nível e precisávamos disso, como tal, temos de aceitar. A Real Sociedad controlou o jogo, dominou, com e sem bola. Foi difícil criar oportunidades. Defendemos bem atrás, não deixámos criar muitas oportunidades, mas depois do 1-0 foi difícil. Qualificação mais difícil com as três derrotas? Não marcámos, temos mais três jogos. Temos de lidar com esta derrota e pensar no Casa Pia. Não é o momento para isso agora…”, comentou Roger Schmidt na flash interview da DAZN Portugal, após sentir numa das raras vezes desde que chegou à Luz a contestação via assobios e alguns (poucos) lenços brancos.

“Nenhum golo marcado? É difícil… Não é não estar a marcar, é que não estamos a criar boas oportunidades. Estamos a batalhar com isso. Temos de ganhar duelos, ganhar as bolas decisivas, tem sido um problema da equipa toda, não individualmente. Não temos estado ligados como devemos estar nestes jogos. Normalmente criaríamos oportunidades mas agora não estamos a ganhar a bola em boas situações e já fomos melhores na pressão. Foram organizados. Às vezes o futebol é fácil. Se o adversário ganha os duelos e quase todas as segundas bolas significa que está mais alerta, antecipam mais, estão mais em jogo. É algo que temos de mudar”, assumiu ainda o técnico germânico na zona de entrevistas rápidas depois do encontro.

“Se tens zero pontos e zero golos ao fim de três jogos… Não é a altura certa para falar disso. A probabilidade não é elevada, se calhar é apenas teórica. É possível mas temos de lidar com a derrota. Este é o momento mais difícil desde que cheguei. Temos de reconhecer que há um bom ambiente, espero contar com a equipa e o pessoal técnico. Por vezes perdem-se jogos e não se está na melhor forma. Não serve de nada olhar para as hipóteses na Liga dos Campeões. Temos de regenerar e no sábado mostrar uma nova imagem”, referiu depois na conferência de imprensa, antes de explicar as declarações sobre os jogos com o FC Porto.

“Estou concentrado no próximo jogo. O seguinte é sempre o mais importante. Quando disse que o mais importante era contra o FC Porto, era uma piada, sei que para os adeptos o jogo contra o FC Porto é sempre mais importante. Para ser sincero, temos ambições, queremos ganhar taças e Campeonato, não estamos concentrados só numa competição. Não jogámos de propósito a 80% para estar frescos no fim de semana, é um disparate. Temos muita ambição e estamos a trabalhar duro. Não fiz tudo de forma perfeita, sou eu o responsável pelo desempenho a nível individual e como equipa, não vi jogadores em grande forma e a equipa não estava em grande forma. Sei que há explicações. Não foi tanto problema tático, estava do outro lado uma equipa excelente em todos os aspetos. Têm o que nós tínhamos na época passada, o que facilita. Não é fácil jogar contra estas equipas. Tivemos de aceitar esta lição”, acrescentou Schmidt.