Pep Guardiola tem deixado recados quanto à dificuldade que o Manchester City vai ter para se aproximar do número de títulos que conquistou na temporada passada. Na campanha histórica do clube inglês, o levantar da primeira Liga dos Campeões foi o feito que mais responsabilidades trouxe aos citizens. Primeiro, porque há muito que tinham atingido a valia de uma equipa digna de vencer a prova europeia, mesmo sem ainda terem conseguido o troféu. Segundo, porque agora têm a tarefa de defender do assédio dos muitos pretendentes.

Para já, no grupo G, o Manchester City está a salvo de sobressaltos. Nas duas jornadas inaugurais, os campeões ingleses derrotaram o Estrela Vermelha (3-1) e o RB Leipzig (3-1) e não se esperam dificuldades para seguirem para o oitavos de final. Antes que a passagem à fase a eliminar se possa vir a concretizar, os citizens tinham uma viagem à Suíça para jogarem frente ao Young Boys num relvado sintético, pouco favorável à partida, situação que mereceu o reparo de Pep Guardiola.

“O relvado [natural] é melhor. 99,9% das equipas que jogam a alto nível jogam em relvado, caso contrário a UEFA e a FIFA decidiam que jogássemos num relvado artificial. É bom senso, diria. É o que é. Se a UEFA permite que os jogos sejam disputados aqui é porque está em boas condições”, disse o treinador espanhol. “Não estamos habituados. Qualquer equipa que joga aqui não está habituada. As equipas que aqui chegam têm de se adaptar”.

Fosse como fosse, o Manchester City trazia um carregamento de jogadores de qualidade para a Suíça que até num campo de terra batida num dia de chuva de dezembro era capaz de dar espetáculo. Ainda que, para o jogo contra o Young Boys, Matheus Nunes e Rúben Dias tenham tido lugar no onze, os ingleses continuam sem Kevin De Bruyne que se encontra a recuperar de lesão. Ainda assim, a ausência do belga pode tornar-se definitiva. O jornalista Rudy Galetti noticia que o agente do médio foi contactado pelo Al Nassr de Cristiano Ronaldo de modo a perceber como é que podia levar o jogador para o Médio Oriente.

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Do lado do Young Boys, Joel Monteiro, extremo português, também jogou de início na equipa que vinha de um empate a dois contra o Estrela Vermelha e que se apresentou muito esmerada nas marcações. O Manchester City colocava muita gente no corredor central, mas nem assim conseguia que o bloco baixo dos suíços abrisse fendas. Jack Grealish, à esquerda, e Jérémy Doku, à direita, foram quem teve mais espaço. A partir do flanco, o belga criou a situação mais perigosa, acabando por rematar para defesa do guarda-redes Anthony Racioppi.

Foi uma ocasião tímida e rara. Grealish procurava com cruzamentos aceder a Haaland, visto que nem por nada os apoios frontais funcionavam. Casos houve em que Racioppi por pouco não falhava no controlo do espaço aéreo e, não fosse Loris Benito a cortar a bola em cima da linha, o caldo estaria entornado. Naturalmente, o Young Boys procurava transições ofensivas para levar perigo à baliza de Ederson. Acontece que o Manchester City também defendia bem, recuando Rico Lewis para o lado direito da defesa e com os extremos a fazer um acompanhamento sério aos laterais adversários.

Depois do nulo ao intervalo, a entrada na segunda parte não podia ter sido mais positiva para os jogadores de Pep Guardiola. Akanji (48′), central suíço do Manchester City, no seu país, fez o golo que adiantou os citizens. Não se pode dizer que tenha sido sol de pouca dura, porque foi permanente o tempo invernal no Estádio Wankdorf, em Berna, mas o inglesa não aguentaram a vantagem durante muito tempo. Quatro minutos depois, Elia (52′) fez um chapéu perfeito a Ederson após ter sido desmarcado por Cheikh Niasse.

A partir daí, o jogo caiu em anarquia. O Young Boys ganhou um novo fôlego e começou a criar mais perigo. Como consequência, as ações defensivas para travar o Manchester City foram feitas em maior desespero dado o balanceamento ofensivo da equipa. Assim, Camara acabou por pisar Rodri e fazer falta dentro da área. Haaland (67′) foi para a marca de grande penalidade e não vacilou, fazendo as redes abanar pela primeira vez esta época nesta prova. Com os campeões ingleses de novo na frente do marcador, Bernardo Silva entrou aos 71 minutos. Em conjunto com o português entrou também Julián Álvarez. Haaland beneficiou da presença de outro avançado dentro das quatro linhas e assistiu o argentino para o terceiro. Podia tratar-se do golo da tranquilidade se Grealish não tivesse tocado na bola com a mão e o lance acabasse por ser revertido com ajuda do VAR.

Ainda que se tivesse mantido a margem mínima e ao contrário do que aconteceu após o primeiro golo, o Manchester City conseguiu ter o controlo do ritmo do encontro na fase final e até conseguir criar mais oportunidades. Com pior pé, depois de trabalhar dentro da grande área, Haaland (86′) confirmou a vitória (3-1). Os citizens alcançam assim os nove pontos no grupo G e continuam na liderança incontestável.