O Ministério Público (MP) acusou oito arguidos de burlarem 60 titulares de cartões de crédito WiZink, em quase 205 mil euros, através de um esquema em que se faziam passar por funcionários da instituição financeira, foi segunda-feira anunciado.

Em nota publicada na página da Internet, a Procuradoria-Geral Regional do Porto (PGRP) conta que, entre fevereiro de 2021 e maio de 2022, seis dos arguidos, “agindo individual ou concertadamente entre si, atuaram sobre 60 vítimas, titulares de cartões de crédito WiZink, junto de quem se apresentaram como funcionários da WiZink”.

“Pedindo-lhes os códigos dos cartões, sob pretexto de se destinarem a obstar à finalização de operações a débito supostamente fraudulentas, quando, na verdade, os códigos solicitados se destinavam a validar operações de carregamento de contas Revolut acessíveis aos arguidos e operações de pagamento online realizadas por estes”, sustenta a acusação.

Segundo a PGRP, para ocultar os ganhos obtidos, estes arguidos, e um sétimo, “criaram contas Revolut e, a partir destas, transferiram dinheiro para contas Betclic por si previamente criadas e, residualmente, para as suas contas bancárias”.

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“Procurando aparentar que os rendimentos obtidos com a prática delituosa provinham do ganho de prémios de jogo no ‘site’ Betclic, transferiram-nos para contas bancárias, umas tituladas por si e outras tituladas por terceiros, mas por si controladas e utilizadas”, refere a acusação.

O MP acrescenta que, na atividade criminosa, contaram com o auxílio de um oitavo arguido, “que trabalhava na área comercial das comunicações”.

“O qual, mediante contrapartida económica paga por aqueles [arguidos], disponibilizou-lhes listas, contendo nomes completos de cidadãos, e NIF [número de contribuinte] e números de telemóvel associados, e que aqueles arguidos usaram no convencimento das vítimas, demonstrando conhecer todos os dados pessoais”, sublinha a acusação, citada pela PGRP.

Segundo o MP, os arguidos lesaram as vítimas em quase 205 mil euros, sendo que parte desse valor foi usado pelos arguidos para apostas “online”, “permitindo-lhes incrementar lucros e obter prémios no valor global” de quase 942 mil euros.

Na acusação, o MP requereu a perda a favor do Estado da quantia global 1,16 milhões de euros (correspondendo ao valor subtraído às vítimas, acrescido dos ganhos obtidos com a utilização de parte desse valor).

Um dos arguidos encontra-se sujeito à medida de coação de prisão preventiva e um outro está atualmente em cumprimento de pena à ordem de outro processo.

Em causa estão crimes de burla qualificada, de acesso indevido agravado, de branqueamento, de falsidade informática e de desvio de dados agravado.

O despacho de acusação esteve a cargo do Ministério Público no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Regional do Porto (1.ª secção).

Em comunicado, a Wizink diz congratular-se “com o facto da justiça ter em atenção os casos de burla desencadeados pelo phishing, que se vêm agravando ao longo dos últimos anos. O banco, como sempre, tem toda a disponibilidade para colaborar com as autoridades na investigação e combate ao cibercrime”, e nega “categoricamente” que um dos arguidos no caso do esquema fraudulento que lesou 60 clientes do banco seja ou tenha sido funcionário ou colaborador do WiZink. “Como refere o despacho da PGRP (Procuradoria-Geral Distrital do Porto (Home) (pgdporto.pt), os dados confidenciais dos clientes do WiZink foram obtidos ilegalmente através de uma empresa de telecomunicações que não tem qualquer relação com o banco.”

(notícia corrigida pela Lusa para indicar que, segundo a Wizink, o arguido que trabalhava na área comercial das comunicações não pertencia à instituição financeira e para incluir esclarecimentos da empresa).