José Luís Carneiro está disponível para entrar na corrida à liderança do PS e está a fazer contactos para testar a viabilidade da hipótese. Fonte próxima do ministro da Administração Interna diz ao Observador que Carneiro “tem sido contactado por pessoas de norte a sul a interpelarem-no” sobre uma possível candidatura ao PS, depois da demissão de António Costa.

Esta é uma candidatura que está a ser vista como uma alternativa à de Pedro Nuno Santos — que representa a ala esquerda do PS. Já Carneiro é associado a uma ala mais “moderada” e centrista do partido, com os seus apoiantes a acreditarem que o ainda ministro pode conseguir congregar à sua volta os socialistas que não se revêm numa candidatura de Pedro Nuno. “Pode federar os não-pedronunistas“, considera um socialista ouvido pelo Observador. Outro acrescenta que “tem hipótese de juntar toda a gente que não gostar de Pedro Nuno Santos“.

Num cenário em que os outros rostos associados a esta ala não avançam, o ministro da Administração Interna espera poder beneficiar desta frente. Fonte próxima garante ainda que José Luís Carneiro “está na estrada há algum tempo a preparar uma candidatura à liderança do PS” e nos dois últimos dias, depois da demissão de Costa, “recebeu vários contactos para avançar”. “Está em campanha activa“, nota outra fonte socialista.

A seu favor, José Luís Carneiro tem capital acumulado como um ministro da Administração Interna que passou sem casos por uma pasta que raramente deixa os seus responsáveis saírem sem mácula. Foi também presidente da federação distrital do Porto, entre 2o12 e 2016, e secretário-geral adjunto do PS, entre 2019 e 2022. Nesta altura percorreu o país, estreitando os laços com as bases do partido, um capital valioso na disputa pela liderança.

No entanto, do outro lado da barricada, onde tudo indica que venha a estar Pedro Nuno Santos, esse mesmo roteiro também tem sido percorrido, sendo este socialista o nome que se considera ter mais força no aparelho e a maioria dos presidentes das federações distritais do PS. Apesar de poder juntar apoios que não queiram associar-se a Pedro Nuno, Carneiro tem menos fiéis no aparelho do PS.

No PS-Porto, por exemplo, Carneiro já foi líder e conserva alguns apoios desse período, mas também acumulou anticorpos, nomeadamente depois de ter apoiado a candidatura de António José Seguro, em 2014, contra António Costa. Desde então o seu nome surgiu diversas vezes associado às guerras de poder locais com a facção dominante ligada a Manuel Pizarro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR