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Chama-se Roman Chervinsky e, segundo uma investigação do Washington Post com a revista alemã Der Spiegel, terá coordenado o ataque de sabotagem aos gasodutos Nord Stream 1 e 2, em setembro de 2022. Chervinsky foi coronel nas forças de operações especiais da Ucrânia, um dos cinco braços das forças armadas do país especializado em operações especiais. Está, atualmente, detido pelo envolvimento num outro caso, acusado de ter agido sem autorização das chefias e por ter exposto a Defesa da Ucrânia à Rússia.

Em relação à sabotagem do Nord Stream, a investigação revela que Chervinsky, de 48 anos, foi o “coordenador” da operação. Terá gerido a logística e apoiado uma equipa de seis pessoas que alugaram um veleiro, usando identidades falsas, e que com equipamento de mergulho colocaram explosivos nos gasodutos.

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Chervinsky não terá sido, porém, quem planeou a operação e, segundo a investigação, seguiu ordens de oficiais ucranianos em cargos hierarquicamente superiores que respondem a Valery Zaluzhny, o Chefe de Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia. Volodymyr Zelensky não terá tido conhecimento dos planos.

Contactado, Chervinsky negou ligações à operação de sabotagem. “Todas as especulações sobre o meu envolvimento no ataque ao Nord Stream estão a ser difundidas pela propaganda russa sem qualquer fundamento”, afirmou.

No início da invasão, em fevereiro de 2022, Chervinsky fazia parte de uma unidade das Forças de Operações Especiais e dedicava-se a atividades de resistência nas zonas ocupadas pela Rússia. Antes, desempenhou cargos de chefia na agência de inteligência militar da Ucrânia e no Serviço de Segurança da Ucrânia.

Em 2020, supervisionou um plano para atrair combatentes do grupo de mercenários russo Wagner para a Bielorrússia, com o objetivo de os capturar e de os levar para a Ucrânia para serem acusados. Ao Washington Post e à Der Spiegel, Chervinsky adiantou, também, que “planeou e executou” operações para matar líderes separatistas pró-russos na Ucrânia e “raptar uma testemunha” que pudesse corroborar o abate do voo da Malaysia Airlines pela Rússia, no Donbass, em 2014.

O ex-coronel está, neste momento, detido em Kiev — desde abril — acusado de abuso de poder na sequência de um plano para atrair um piloto russo a desertar para a Ucrânia em julho de 2022 que revelou à Rússia a localização de um aeródromo ucraniano — o que terá levado a um ataque que matou um soldado e feriu outros 17. As autoridades acreditam que agiu sem autorização superior.

Chervinsky negou responsabilidades no caso — apelidou as acusações como “infundadas e rebuscadas” — e garante ter agido sob ordens superiores. Diz mesmo acreditar que a acusação resulta das críticas que tem feito à Presidência de Zelensky. Chervinsky diz que agiu sempre em “defesa da Ucrânia”.

O envolvimento do ex-coronel nos ataques ao Nord Stream contrariam as declarações públicas de Volodymyr Zelensky, que tem recusado envolvimento da Ucrânia. A investigação dos jornais indica, porém, que Zelensky não terá tido conhecimento do ataque antes de este ter acontecido. Por outro lado, a autorização da operação terá passado pelo general Valery Zalujny.

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A 26 de setembro de 2022, os gasodutos Nord Stream 1 e 2, que ligam Rússia à Alemanha, construídos para fornecer energia a milhões de pessoas na Europa, foram alvo de três explosões. Desde então têm decorrido investigações judiciais para apurar responsabilidades. Desde essa data que as infraestruturas que eram a principal porta de entrada do gás russo na Europa estão inoperacionais.