Três estudantes ativistas climáticos da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa foram detidas esta quarta-feira pela PSP na instituição, estando esta tarde duas dezenas de estudantes solidários em vigília junto da esquadra do Campo Grande, onde estão as jovens.

De acordo com um comunicado do movimento Greve Climática Estudantil, de Lisboa, os jovens estariam a dar uma palestra sobre ação climática à qual assistiam várias dezenas de estudantes da faculdade. Duas foram detidas por estarem a dar a palestra e a outra detida apenas a assistir.

Imagens da ação divulgadas nas redes sociais mostram pelo menos uma dúzia de polícias dentro da faculdade a deter as três jovens mas no comunicado afirma-se que entraram na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (FPUL) “dezenas de polícias”. Não há, para já, qualquer informação da PSP.

Esta tarde cerca de duas dezenas de jovens concentraram-se junto da esquadra da polícia do Campo Grande, em solidariedade com as três jovens, garantindo que ali vão permanecer até que elas saiam em liberdade.

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Nesta semana está-se a normalizar uma repressão da luta estudantil de uma dimensão que não se via há décadas. Como é possível estudantes que apenas estão a tentar lutar pelo seu futuro serem detidas?”, questiona, citado no comunicado, André Matias, porta-voz do núcleo pelo “fim ao fóssil” da FPUL.

PSP deteve seis estudantes na Faculdade Ciências Sociais e Humanas de Lisboa que ali tentavam pernoitar pelo fim dos combustíveis fósseis

Catarina Bio, da Greve Climática Estudantil, disse à Lusa que o diretor da Faculdade avisou os estudantes de que não seriam permitidas conversas políticas, pelo que as duas estudantes que estavam a falar estavam cientes do que poderia acontecer. A terceira estudante foi detida por estar a filmar, disse.

Segundo o relato dos estudantes as jovens detidas foram arrastadas até junto das carrinhas da polícia à porta da faculdade, enquanto quem assistia entoava o cântico: “Que vergonha deve ser, deter estudantes num mundo a arder!”

Estudantes de várias instituições estão desde a passada segunda-feira a promover diversas ações nas escolas para reivindicar o fim aos combustíveis fósseis até 2030 e eletricidade 100% renovável e acessível até 2025. Os estudantes querem que este ano seja o último inverno em que o gás fóssil seja utilizado para produzir eletricidade em Portugal.

Desde segunda-feira são já nove os estudantes detidos, depois na noite de segunda para terça-feira terem sido detidos seis estudantes por se recusarem a sair da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH).

Na altura o movimento disse que os jovens foram alvo de violência e insultos por parte da polícia, algo que a PSP não comentou.

Esta quarta-feira, Catarina Bio explicou à Lusa que a polícia “utilizou técnicas de tortura” para tirar os estudantes da FCSH, como pressionar os olhos, torcer os pulsos, arrastar pelo cabelo ou pressionar contra a parede.

À saída da Faculdade um carro da polícia chocou com um carro civil e um dos jovens que ia no veiculo, com as mãos algemadas atrás das costas, teve de ser hospitalizado, segundo a fonte, que lamentou que a polícia não tivesse feito “o que devia”, que no caso era se a pessoa ia algemada as mãos deviam estar na frente. Os jovens, disse, admitem apresentar uma queixa contra a PSP.