O PSD ainda não decidiu se vai sozinho a votos, mas já sabe que não conta com a Iniciativa Liberal para acordos antes de 10 de março. A direção do PSD responsabiliza totalmente os liberais — que chega a acusar de “arrogância” e a quem aponta o dedo em Lisboa e nos Açores — pela não existência de um acordo pré-eleitoral que inclua o PSD e a IL. Três vice-presidentes, em entrevistas ao Observador, condenaram a postura dos liberais de se colocarem de fora, depois do secretário-geral do partido já o ter feito na sexta-feira, na Rádio Observador.

Paulo Rangel lembrou que “a Iniciativa Liberal tem um registo, uma espécie de currículo em que em Lisboa não foi capaz de se pôr ao lado de Carlos Moedas, em que podia ter um papel muito relevante nessa coligação. Não quis. E arriscou que a câmara tivesse sido entregue, de novo, ao PS.” O primeiro vice-presidente do PSD acrescenta ainda que “nos Açores, [a IL] acaba de contribuir para o chumbo do Orçamento.”

A posição dos liberais é para Paulo Rangel incompreensível, já que “se realmente existe descontentamento com as políticas socialistas, as forças não socialistas deviam cooperar no sentido de não dar o flanco às forças socialistas.” Ainda assim, em entrevista ao Observador, o eurodeputado acredita num acordo futuro: “As relações entre os militantes, os dirigentes, as relações entre PSD-CDS-IL são boas e as conversas estão a decorrer seguramente para o pós-eleitoral”, conclui.

O também vice-presidente Miguel Pinto Luz também deixou críticas à Iniciativa Liberal, lembrando que “o presidente da IL foi absolutamente vocal, como há muito tempo não ouvia.”. E acrescentou: “Esta arrogância, esta sobranceria dos liberais saiu-lhes o tiro pela culatra.” Pinto Luz diz que “Carlos Moedas podia estar a governar em Lisboa com vereadores liberais e teríamos concerteza uma maioria mais abrangente”. Sobre eventuais coligações, o vice-presidente da câmara de Cascais diz, como Rangel, que ainda não feita a “avaliação interna se temos ou não coligações: há vantagens e desvantagens”.

Na mesma linha, um terceiro vice-presidente, António Leitão Amaro, disse ao Observador que “a Iniciativa Liberal fez uma escolha há dois anos que praticamente colocou o poder nas mãos do PS. É uma questão de prioridades.” E deixa um aviso aos liberais: “Os seus dirigentes têm de escolher onde querem estar.”

Já na sexta-feira, ainda antes do arranque do Congresso, o secretário-geral do PSD, Hugo Soares, disse em entrevista ao programa Vichyssoise, da Rádio Observador que “há uma coisa que é pública: a IL, desde a primeira hora, diz que vai sozinha a votos. Parece uma questão que está esclarecida pelos próprios. Tudo o resto, o partido decidirá a seu tempo.”

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