Os dados dos sistemas de vigilância registaram um aumento de doenças respiratórias entre crianças no norte da China desde outubro e, nos últimos dias, têm sido captados diversos vídeos e fotografias de hospitais cheios. Na semana passada, uma unidade de saúde infantil revelou que tem recebido, pelo menos, 7.000 pacientes todos os dias, excedendo a sua capacidade, como explica a Sky News. Perante estes dados, o Ministério da Saúde chinês mantém a garantia que a subida dos casos de doenças respiratórias é cauado pela gripe e por outros patogénicos conhecidos.

Neste contexto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu explicações a Pequim sobre o surto de infeções respiratórias que está a afetar a capital. Na sexta-feira, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) já a tinha justificado com uma “uma combinação de agentes patogénicos”, nomeadamente o rinovírus, o vírus sincicial respiratório (VSR) e a gripe sazonal. Agora o Ministério da Saúde vem confirmá-lo, alertando ainda para a abertura de mais clínicas de combate à febre e à vacinação para as crianças e idosos.

Devem ser feitos esforços para aumentar a abertura de clínicas e áreas de tratamento relevantes, alargar o horário de atendimento e aumentar o fornecimento de medicamentos”, afirmou o porta-voz do Ministério da Saúde, Mi Feng.

O porta-voz aconselhou ainda a população a usar máscaras e apelou às autoridades locais para se focarem na prevenção da propagação da doença em locais com muita gente, nomeadamente escolas e lares de idosos.

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Estes avisos surgem após o maior hospital pediátrico de Tianjin ter divulgado que acolheu mais de 13.000 crianças, nos serviços de urgência e ambulatório.

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É rara a solicitação pública de informações pormenorizadas a países por parte da OMS, uma vez que esses pedidos são habitualmente feitos a nível interno. Segundo a OMS, os dados solicitados à China tiveram por base um mecanismo jurídico internacional.

De acordo com relatos internos na China, os surtos sobrecarregaram alguns dos hospitais do norte do país, incluindo em Pequim, e as autoridades pediram à população que levasse as crianças com sintomas menos graves para clínicas e outros equipamentos de saúde.

Segundo a OMS, de momento, há pouca informação para avaliar corretamente o risco dos casos relatados de doença respiratória em crianças. Desta forma, já diversos especialistas pediram cautela e para evitar carregar no “botão de pânico pandémico”.

A epidemiologista Maria Van Kerkhove alertou que “foi com isto que a maioria dos países lidou há um ou dois anos”, quando levantou as restrições à Covid-19. Já a médica Krutika Kuppalli, que faz parte do programa de emergência da OMS, disse que este surto “pode ser realmente qualquer coisa”. “Nós precisamos é de informação”, garantiu no X, antigo Twitter.

Tanto as autoridades chinesas como a OMS foram acusadas de falta de transparência nos relatórios inicias sobre a pandemia da Covid-19, que começou na cidade de Wuhan, no centro da China, em dezembro de 2019.