Os sindicatos representativos dos médicos e o ministro da Saúde voltam esta terça-feira às negociações naquela que será a “derradeira oportunidade” para obter um acordo em matéria de aumentos salariais.

A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a tutela partem esta terça-feira, a partir das 14h00, para a 36.ª e última ronda negocial.

O encontro decorre na véspera da votação final do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), após 19 meses de negociações sem entendimento.

Sindicatos dos médicos esperam “vontade política” do Governo para obter acordo

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“Quando já temos perto de 40 hospitais condicionados, com serviços de urgência encerrados de norte a sul do país, e vimos que quase 500 vagas do internato médico ficaram por preencher, um quinto das vagas disponíveis, o ministro Manuel Pizarro tem nesta reunião uma derradeira oportunidade de salvar as carreiras médicas e o futuro do SNS”, observou numa nota a Fnam.

Quase 40 hospitais com cerca de 90% dos serviços de urgência indisponíveis

Na passada quarta-feira, a Fnam e o SIM voltaram a sair do encontro com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, em discordância com a proposta do Governo.

Ministro diz que não perdeu totalmente a esperança de uma negociação com os médicos

À saída da ronda negocial no Ministério da Saúde, em Lisboa, o secretário-geral do SIM, Roque da Cunha, registou “uma evolução”, mas considerou que ficou longe da proposta de aumento intercalar de 15%.

Numa pequena nota no seu site na Internet, o SIM refere que “mantém uma atitude responsável e vontade de chegar a um acordo que possa mitigar os problemas que existem” no SNS, ressalvando que os utentes são “os principais prejudicados”.

Também a presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá, lembrou que o Governo ainda tem condições para chegar a acordo sobre todas as matérias que estavam em negociação, depois de o ministro ter deixado cair os temas das condições de trabalho.

Joana Bordalo e Sá lamentou ter havido um recuo “relativamente àquilo que estava em cima da mesa”, referindo-se às condições de trabalho dos médicos, como a reposição das 35 horas semanais, das 12 horas de serviço de urgência e dos dias de férias, sobre as quais parecia haver já um entendimento para uma implementação faseada ao longo da legislatura.

A propósito da proposta apresentada na quarta-feira pela tutela, que sobe o valor dos aumentos salariais para valores entre 9,6% e 12,7%, Joana Bordalo e Sá recusou soluções intercalares.

Governo e médicos ainda sem acordo voltam a reunir-se na terça-feira

A Fnam tem vindo a exigir aumentos de 30% e um horário de 35 horas semanais, 12 horas de serviço de urgência e a atualização do salário base que reponha o poder de compra para os níveis anteriores à troika para todos os médicos.

O SIM levou para a reunião desta terça-feira uma proposta de aumentos de 15%, uma cedência face aos 30% anteriormente exigidos.

Já o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, considerou à saída da última reunião que a proposta da tutela “representa um enorme esforço orçamental, no limite daquilo que é possível respeitando o equilíbrio das contas públicas”.

De acordo com o ministro, o Governo subiu a proposta anterior de 8,5% e propõe agora um aumento salarial diferenciado de 12,7% para os médicos em início de carreira, acima de 11% para os assistentes graduados e de 9,6% para os médicos no topo da carreira.

O Governo propõe um suplemento de 500 euros mensais para os médicos que realizam serviço de urgência e a possibilidade de poderem optar pelas 35 horas semanais.

A proposta iguala o salário base dos médicos (3.025 euros), representando um aumento de 5,5%, contra os 3,6% apresentados na última proposta e que mereceu a contestação dos sindicatos.