Elon Musk, o dono da rede social X, esteve numa conferência do New York Times, em Nova Iorque, onde foi abordada a questão do atual êxodo de anunciantes da plataforma. Depois de comentários de Musk, vistos como anti-semitas, e de terem sido apresentados anúncios de empresas como a Apple e a IBM junto a conteúdos pró-nazi, várias empresas decidiram deixar de anunciar na rede social.

Questionado sobre o tema e as consequências do êxodo de anunciantes, Musk não foi de meias palavras: “Não anunciem. Se alguém está a tentar chantagear-me com o dinheiro da publicidade, vão-se f****”.

Perante a reação do moderador, Andrew Ross Sorkin, o empresário repetiu a mensagem. “Vão-se f****, ficou claro?”, aproveitando para dizer “olá, Bob, se estiver na plateia, é isto que penso”, numa referência ao CEO da Disney, Bob Iger.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

100 anos da Disney. A visão de um animador tornou-se num império global que tem cada vez mais desafios

A IBM foi a primeira empresa a dizer que ia deixar de anunciar no antigo Twitter, seguindo-se a Walt Disney, Warner Bros, Discovery, Lionsgate, Paramount Global, NBC Universal e Apple. De acordo com o New York Times, a dona do iPhone seria mesmo uma das maiores anunciantes da plataforma, gastando “dezenas de milhares de dólares por ano” em publicidade.

Acusações de antissemitismo leva anunciantes a sair (outra vez) do X e deixa CEO sob pressão. Conseguirá Linda Yaccarino “domar” Musk?

Sorkin voltou à carga, questionando se o modelo económico do X conseguirá manter-se sem publicidade. “O que este boicote de publicidade vai fazer é matar a empresa. E todo o mundo vai saber que esses anunciantes mataram a empresa”, declarou Musk.

“Mas vão dizer que foi o Elon que matou a empresa, porque disse coisas inapropriadas e [as pessoas] não se sentiam confortáveis na plataforma”, contrapôs Sorkin. “Vamos ver como é que é a resposta e os resultados”, respondeu Musk.

O sul-africano é o homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada de 228 mil milhões de dólares. “Tem recursos, vai manter a empresa mesmo se não houver publicidade?”, perguntou o moderador. Musk não disse nem que sim nem que não, preferindo voltar ao ataque aos anunciantes envolvidos no boicote. “Se a empresa falhar devido ao boicote da publicidade, será isso a bancarrota da empresa.”

Depois das declarações de Musk sobre os anunciantes, Linda Yaccarino, a CEO da rede social, teve de tentar pôr alguma água na fervura. “Elon Musk deu uma entrevista ampla e franca”, disse a CEO, realçando que o empresário “pediu desculpas, deu uma explicação e um ponto de vista explícito sobre a nossa posição”.

“O X permite uma independência de informação que é desconfortável para algumas pessoas”, reconheceu, para logo se focar na publicidade. “O X está numa intersecção incrível entre o discurso livre e a ‘rua principal’ – e a comunidade do X é poderosa e está aqui para vos dar as boas-vindas.” Aproveitou para deixar ainda uma mensagem de agradecimento aos anunciantes que se mantém no antigo Twitter.

Musk pediu ainda desculpa pela publicação que fez, que foi considerada anti-semita. “Peço desculpa por esse tweet… Talvez tenha sido a pior e mais tonta publicação que já fiz”, disse. Não é a primeira vez em que Musk enfrenta as consequências das suas publicações. Em agosto de 2018, escreveu na rede social que ia retirar a Tesla de bolsa, com um valor de 420 dólares por ação, acima da cotação da altura. A Tesla continua em bolsa, mas Musk foi acusado pela SEC, o regulador do mercado de capitais dos EUA, de fraude e tweets enganadores.

Reguladora americana pede destituição de Elon Musk por tweets falsos